Longa ‘Vizinhos’ estende os limites da vulgaridade

Parceiro de Jason Segel, Nicholas Stoller foi um dos responsáveis, como roteirista, pela ressurreição dos Muppets. Ele também escreveu As Loucuras de Dick e Jane, a versão com Jim Carrey, e se destacou, como diretor, com Ressaca de Amor, comédia de 2008 que virou cult. E agora escreve e dirige Vizinhos. A comédia que estreia nesta quinta-feira, 19, (200 salas) é sob medida para Seth Rogen, que divide a cena com Zac Effron e Rose Byrne. Esqueça American Pie e as comédias de fraternidades dos anos 1980. Eram programas de freirinhas, para ver no convento, em sessão da tarde.

Vizinhos já surge aureolada pelo título de comédia mais grossa de Hollywood em anos. Muita gente vai desistir à simples menção de um festival de vulgaridades. Mas o público jovem que lotou a pré-estreia na terça-feira à noite curtiu Vizinhos justamente por seus excessos. E era um público straight, que aceitou bem as baixarias entre casais. A única piada gay – o que vai parar na boca do calouro – foi recebida com um silêncio sepulcral.

O filme já começa com Seth e a mulher, Rose, em plena sessão de sexo selvagem – ou, pelo menos, tentando. Os dois tiveram um bebê recente, trocaram de casa e, no novo ambiente, esperam renovar a exaurida energia sexual. Surgem novos vizinhos – e se trata de uma república de estudantes, liderada por Zac. Saradão, ele promove festas, verdadeiras orgias. Sexo, drogas. O bebê não consegue dormir. Papai e mamãe surtam. Começa a guerra entre vizinhos.

É uma guerra feita de agressões verbais e físicas. Do pum à salsicha que Zac tira da braguilha durante o churrasco no jardim, vale tudo. Nicholas Stoller talvez tenha feito o Straw Dogs da comédia teen. No filme famoso de Sam Peckinpah – Sob o Domínio do Medo, de 1972 -, o pacato Dustin Hoffman pegava em armas para defender o lar. Aqui, não é só o marido, Seth. O casal – Rose, também – insurge-se contra os vizinhos. Gostando ou não do filme, há que reconhecer – Nicholas Stoller estabelece novos padrões de permissividade numa Hollywood via de regra mais tolerante com a violência que com o sexo. Seth é ‘outrageous’, ultrajante, como dizem os norte-americanos, mas no fundo é um bom moço, com coração de manteiga. O mais impressionante é o que vem depois da guerra. E se Vizinhos for um filme político? Os EUA, afinal, não creem em diálogo e só resolvem seus conflitos pela violência, já dizia o grande Arthur Penn. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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