Em janeiro, Joaquin Phoenix havia sido indicado para o Globo de Ouro de melhor ator de comédia ou musical por Vício Inerente e havia a expectativa de que também fosse para o Oscar pelo papel no novo Paul Thomas Anderson. Nem ele ganhou o prêmio dos correspondentes estrangeiros de Hollywood nem ficou entre os cinco finalistas para o troféu da Academia. Dane-se a Academia. A segunda parceria de Phoenix com PTA – após O Mestre – lhe fornece um dos melhores papéis de sua carreira. O próprio filme é o melhor de PTA desde Embriagado de Amor, com Adam Sandler, embora essa seja uma afirmação sujeita a controvérsia. Existem críticos que amam Ouro Negro, que deu a Daniel Day-Lewis seu terceiro Oscar, e o citado O Mestre. Mais uma afirmação polêmica – nada se compara a Boogie Nights – Prazer sem Limites nem Magnólia, do próprio PTA.
É raro, mas nenhum outro diretor de sua geração virou sigla. Nenhum de nenhuma outra geração. Ninguém fala de Steven Spielberg como SS, até pela inadequada conotação nazista, nem de Martin Scorsese como MS, mas, na imprensa dos EUA, Paul Thomas Anderson é sempre referido como PTA, pi-ti-ei. Fica sonoro e, de certa forma, transforma o autor numa ‘entidade’. Em janeiro, ainda na expectativa do Globo de Ouro e do Oscar, o jornal O Estado de S.Paulo publicou uma entrevista com Joaquin Phoenix. “Não podemos separar o trabalho de ator do diretor”, ele disse. “Tenho tido sorte em trabalhar com grandes diretores. Às vezes, acontece de um ator transcender o diretor, mas, no geral, você é refém dele. Sei que o que acabei de dizer tem uma conotação negativa. Não é bem o que queria falar. Mas acho que, se faço um bom trabalho, é por causa do diretor.”
No caso de Vício Inerente, por causa de PTA. O filme baseia-se no livro de Thomas Pynchon e é a primeira adaptação do escritor com fama de recluso, maldito. Nasceram um para o outro, o romancista e o cineasta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.