O maior nome do hip hop nacional ocupou um dos palcos do maior festival de música de São Paulo, o Lollapalooza, na noite deste sábado, 24, com sua festa de soul e R&B, o show Boogie Naipe, que desde 2016 balança os maiores palcos da cidade.
Com referências contínuas à zona sul de São Paulo – uma das mais desiguais do mundo – Brown desfilou os hits do seu primeiro disco solo, um daqueles que será lembrado por anos e anos por juntar a estrela de um homem que ajudou a construir o hip hop no País com a sua vontade de explorar outros horizontes na carreira solo.
Dividindo o palco com o parceiro Lino Krizz e uma banda de pelo menos uma dezena de pessoas (Max de Castro na guitarra), Brown consegue romper a limitação de horários imposta pelo festival a artistas brasileiros. Ele toca em um dos horários nobres do Lollapalooza, início da noite de sábado, enquanto o The National – sensação do indie americano – se apresenta em outro palco.
“Se for possível, em tempos de crise, dance, dance, dance”, canta, em certo momento – e esta pode ser uma síntese de Boogie Naipe: as coisas estão difíceis, mas o que sobra é isso: dançar. Isso vindo da boca de um cara que obviamente sabe do que está falando. “Quantos muros de Berlim a gente não pulou para chegar aqui?”, disse em outro momento, antes de listar comunidades da Zona Sul que cercam o seu bairro natal: o Capão Redondo.
No Boogie Naipe, Brown empresta pouco do flow incontornável que fez o Racionais MC’s – diferente disso, ele opera em outra frequência, mais dançante e romântica do que no grupo que lhe consagrou.
Mesmo assim, a figura do próprio em cima do palco foi suficiente para manter a atenção de uma parcela do público – uma multidão aguardava, no palco ao lado, o indie eletrônico insosso do Imagine Dragons. Na sua, Brown apresentou um pouco do que a música brasileira contemporânea pode ser. Ai de quem disser que não foi suficiente.