Locarno reverenciou o ator Robin Williams

O 67.º Festival de Locarno teve um dia dividido entre tristeza, polêmica e festa. A tristeza ficou por conta da morte do ator Robin Williams. Ao subir ao palco da Piazza Grande, o maior cinema a céu aberto da Europa, com 8 mil lugares, o diretor do evento Carlo Chatrian começou sua apresentação na noite dessa terça-feira, 12, com uma homenagem ao ator morto no domingo, 10.

“Hoje, foi um dia triste, pois o mundo perdeu um belíssimo ator, que nos fez rir e chorar. É nosso dever relembrar e homenagear Robin Williams”, declarou o diretor, que, em seguida, chamou ao palco o homenageado da noite, o ator italiano Giancarlo Giannini.

“Depois de uma fase da carreira, a gente começa a receber prêmios e alguns não causam emoção, mas ao subir aqui e ver que há milhares de espectadores, a quem posso ter dado alegria, feito chorar, ao longo da vida, confesso que tem um significado especial”, declarou o ator de clássicos como Pasqualino Sete Belezas, de Lina Wertmüller, que lhe garantiu uma indicação para o Oscar de melhor ator em 1977, e A Primeira Noite de Tranquilidade, de Valerio Zurlini. Este último tem sessão especial hoje, no festival, como parte da retrospectiva da produtora italiana Titanus.

“Atualmente, é muito difícil trabalhar com cinema. Fellini dizia que o cinema estava morrendo. Eu diria que está se transformando. A película morre e nasce o digital. O cinema é fantasia e sonho. Digo aos jovens que é preciso fazê-lo com amor, constância, paciência e ter o dom de esperar. Se você trabalhar duro e tiver tudo isso, já é um grande começo”, completou Giannini.

Durante o dia, Locarno teve sua cota de polêmica quando Roman Polanski anunciou que não vem mais ao evento. Após o convite para que o diretor polonês ministrasse uma masterclass na sexta, dia em que também apresentaria seu mais recente filme, Venus in Furs, e iria receber um prêmio pela carreira, houve críticas por parte dos mais conservadores e rendido polêmicas nos jornais do Ticino, região do sudeste suíço à qual a cidade pertence. “Caros amigos, peco desculpas por informá-los que, tendo considerado a extensão das tensões e controvérsias que minha planejada participação no Festival de Locarno provocou nos que se opõem à minha visita, mesmo que eu respeite suas opiniões, é com o coração pesaroso que me vejo obrigado a cancelar minha visita. Estou profundamente triste de ter de desapontá-los”, declarou o diretor em comunicado oficial.

A homenagem iria ocorrer cinco anos depois de o cineasta ter sido preso na Suíça. Polanski foi detido em 2009, acusado de ter mantido relações sexuais com uma menor nos EUA, há 30 anos. Em 2010, após meses vivendo em prisão domiciliar nos Alpes suíços, a Justiça do país negou pedido de extradição dos EUA e decidiu liberar o diretor. A REPÓRTER VIAJOU A CONVITE DA ORGANIZAÇÃO DO FESTIVAL. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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