Gilson Fukushima foi quem teve a idéia: produzir um livro de partituras com arranjos originais do Grupo Fato. “Apesar dele ter saído do Fato, ele não saiu de Fato”, brinca Ulisses Galetto, feliz por tornar concreta uma idéia que, até então, não havia passado pela cabeça dos outros integrantes Greice Torres, Zé Loureiro, Priscila Graciano, Daniel Fagundes e Sérgio Freire .

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Agora, a representação mental do que seria reunir partituras de 20 músicas pinçadas nos cinco CDs do grupo, está materializada em Fato: da tamancalha ao sampler, que será lançado nesta semana em um show no Teatro Paiol.

No palco serão apresentadas dez músicas que integram o livro de partituras para depois acontecer o bate-papo, no formato de um pocket-show. Em um certo momento, conta Ulisses, eles até planejaram organizar um songbook, mas a intenção não foi concretizada.

Mas a ousadia de Gilson em pensar em algo de proporções maiores arrebatou o grupo: “Ele veio falando para não fazermos só um songbook, mas um livro de partituras com todos os arranjos completos. Topamos. Foi uma trabalheira, só para um louco genial como ele é”, conta o músico.

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O primeiro passo de Gilson, Ulisses e Greice foi pensar nas músicas que estariam no livro, obedecendo ao critério de terem sido compostas por autores de Curitiba. Isso não foi verdadeiramente um problema para eles, já que, dos 36 compositores que o grupo já gravou, 31 são da cidade, inclusive integrantes do Fato. Depois do show desta quarta-feira – onde serão apresentadas músicas inéditas – esse número vai subir para 42 compositores, sendo 35 da terrinha.

Norteados em contemplar todos os discos do grupo – Fato, Fogo mordido, Oquelatá Quelateje, Oquelatá ao vivo, Musicaprageada – as 20 músicas refletem a dinâmica e contemplam a trajetória musical do grupo desde a década de 90.

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O livro não se limita a sintetizar os caminhos do Fato, mas revela o panorama de compositores paranaenses e autores próximos da cidade que contribuíram para a história da música feita aqui.

O professor, poeta e cancionista Marcelo Sandmann entrou no universo do grupo – desde o primeiro ensaio até os dias atuais -para escrever o texto que introduz o livro.

Fato: da tamancalha ao sampler vem acompanhado de um CD com as faixas sonoras com as músicas do projeto e partituras relativas a cada instrumento empregado nos arranjos.

A tamancalha, espécie de “sapateador” desenvolvido por Zé Loureiro, está entre os instrumentos ao lado de outros mais habituais como guitarra, latão, baixo e calota.

“Ficou um trabalho maravilhoso. Somos muito gratos a todos que participaram da nossa trajetória. O texto, as músicas e as partituras mostram nossa gratidão a essas pessoas únicas que fazem o mundo um pouco mais alegre”, comemora Ulisses.

Movimento

Com dois novos integrantes, Daniel Fagundes e Sérgio Freire, o Fato mantém os ensaios semanais desde os primórdios. Agora, a atenção dos músicos se volta para o novo disco, a ser lançado em maio de 2011, e na elaboração de novos arranjos para músicas que serão apresentadas neste próximo show.

Entre as novidades, uma parceria com Edith de Camargo. “Ela ainda não sabe, mas fiz uma versão de uma música que ela gravou”, conta Ulisses, que se inspirou na seguinte frase do poeta russo Vladimir Maiakóvski para compor Maçã: “Dizem que em algum lugar, parece que no Brasil, existe um homem feliz”.

O disco novo será um apanhado do que foi registrado nos últimos dois anos no projeto Balaio de Fato (2008) com participações de Siba, Arthur de Faria, Antônio Saraiva e Maurício Pereira e no show de comemoração de 15 anos do Fato.

As gravações vão culminar em dois CDs que ficarão prontos dentro de seis meses. O primeiro DVD também será l,ançado de forma independente em 2011. Sempre atento ao movimento musical independente, Ulisses tem uma convicção: “a nossa produção artística é muito vigorosa”.

A observação vem depois de 14 anos apresentando o programa de rádio Fora do eixo, com acervo de dois mil discos independentes ou de pequenos selos. O convite para fazer a pré-seleção do projeto Rumos Música 2010-2012 só reforçou essa certeza.

“Fico contente em ver tanta coisa boa sendo produzida”. Ele aponta Luiz Felipe Leprevost, Alexandre França, Ricardo Corona e Marcelo Sandmann como artistas que tem se esforçado em arriscar uma nova linguagem em busca de propostas inovadoras.

Serviço

Grupo Fato.
Lançamento do livro de partituras e show.
Nesta quarta-feira, às 20h, no Teatro Paiol (Praça Guido Viaro -Prado Velho).
Informações: (41) 3213-1340.
Entrada gratuita.