Araquém Alcântara fez fama como o fotógrafo da natureza brasileira. Sua obra mais célebre, “Terra Brasil” (1998), é o livro de fotografia mais vendido no País com quase 100 mil cópias.

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Mas a efeméride de 40 anos de carreira o fez mudar o foco. Em seu novo “Sertão Sem Fim”, Araquém sai do habitual registro de matas e animais selvagens e volta o apurado olhar ao homem.

Durante quase dois anos, 12 expedições o levaram aos cantos de oito Estados, entre o norte de Minas Gerais e o Piauí, na busca por provas ilustrativas da aridez de lugares retratados nas obras literárias de Ariano Suassuna, Graciliano Ramos, João Cabral de Melo Neto e Euclides da Cunha.

“Quis revelar lugares que não estão no mapa”, define Araquém. “Minha fotografia é resistência da memória. O Brasil tem belezas tão complicadas, lugares que se perdem além de onde a vista alcança, que tanta gente não conhece nem imagina que existe. Gosto de pensar que sou cúmplice disso.”

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No roteiro, lugarzinhos como Comprafiado (PI), Acaba Vida e Buriti Cristalino (BA) ganharam as lentes do fotógrafo a partir de seus habitantes. “São territórios onde a educação é pela pedra.

De onde saem os grandes, talvez os maiores brasileiros”, profetiza. “Na caatinga, até as folhas têm espinho. Os homens têm uma resistência que é um exemplo para toda a humanidade.”

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Mas, além da inspiração nos livros, o maior impulso foi deixar o comando da ação com a memória. “Quis fotografar o sertão como fiz com meu primeiro trabalho, com as prostitutas do cais de Santos 40 anos atrás”, diz. O custo da produção passou de R$ 500 mil, bancados pela empresa que patrocina o livro. As informações são do Jornal da Tarde.