Os argentinos possuem uma relação de intensa admiração por Vinícius de Moraes – mais do que um visitante, o poeta é considerado um “portenho honorário”. Não por acaso “Nuestro Vinicius” foi o título escolhido pela especialista em literatura Liana Wenner para relatar a presença do poeta em terras portenhas. “Cresci ouvindo na casa de meus pais um velho long play do show de La Fusa. Achava fascinante a forma de expressar a alegria e a liberdade dos brasileiros”, explica Liana. O livro, da editora Sudamericana, será lançado amanhã.
“Vinicius veio em agosto de 1968 para ser a ponta de lança de uma intensa campanha dos exportadores brasileiros de café, que queriam divulgar o produto na Argentina contra seus principais concorrentes, os colombianos, que também faziam uma agressiva divulgação. A delegação brasileira era um luxo”, diz Liana Wenner, relembrando os demais integrantes do grupo: “Dorival Caymmi, o Quarteto em Cy, Baden Powell e Oscar Castro Neves”.
A primeira apresentação, no dia 18, começou às oito e meia da noite. Duas horas depois, o show havia terminado, mas o público não queria sair. Do lado de fora, na avenida Corrientes, mais de 3 mil pessoas pretendiam entrar para o segundo show.
No meio dessa “noite mágica”, como define Liana no livro, Pelé, que participava de um amistoso contra o River Plate, apareceu na porta. Minutos depois, estava em cima do palco. O público aplaudia freneticamente. Segundo a autora, “Baden começou a improvisar uma batida de samba ao estilo Pixinguinha. Vinicius aproximou-se para abraçar o jogador. Pelé começou a chorar como um garoto.”