Entre 1894 e 1908, Artur Azevedo publicou crônicas no jornal A Notícia defendendo a construção de um teatro do município do Rio, a capital federal, voltado à montagem de textos de dramaturgos brasileiros e ao aperfeiçoamento de nossos atores. Uma versão nacional da Comédie Française, o teatro estatal de França, que desde o século 17 tinha sua companhia própria.

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Mas a construção erguida à semelhança da Ópera de Paris e inaugurada a 14 de julho de 1909 no Largo da Mãe do Bispo – duas décadas depois, com o boom dos cinemas, apelidada definitivamente de Cinelândia -, pouco tinha a ver com o que Azevedo (que havia morrido nove meses antes) sonhara: era uma casa de ópera, dança e música sinfônica, onde reinavam produções vindas da Europa.

De lá para cá, o Teatro Municipal do Rio passou por boas e más fases, e se manteve como o palco mais nobre do País, com uma programação que ofereceu ao público local as maiores estrelas do mundo. O livro “Theatro Municipal do Rio de Janeiro – Um Século em Cartaz”, que será lançado hoje no restaurante do teatro disseca esse século de programação.

Especialistas nas áreas de teatro (Barbara Heliodora), ópera (Bruno Furlanetto), dança (Beatriz Cerbino) e concertos (Clóvis Marques) analisam o período. Uma conclusão: conforme o tempo foi passando e as produções, encarecendo, o palco foi sendo menos ocupado. “No início do século 20, tinha espetáculo todo dia. Era muito mais barato. Com a mudança da capital para Brasília, foi caindo”, conta a produtora Nubia Melhem Santos, que organizou o livro. A diversidade também foi diminuindo, o que faz com que óperas como “La Traviata” e “La Bohème” e balés como “O Lago dos Cisnes” e “Giselle”, de bilheterias seguras, sejam executados com mais frequência que outros títulos.

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Além de uma coletânea de fotos de seus majestosos ambientes, da passagem de artistas como Stravinski, Nijinsky, Nureyev, Maria Callas, Pavarotti, Bidu Sayão, Ray Charles e Ella Fitzgerald e de registros de peças de teatro com nossos maiores atores, o livrão, de 450 páginas e vendido a R$ 210, tem reproduções de programas de temporadas de diferentes décadas, e muitas curiosidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.