A frase dita por Tim Maia e reproduzida nas primeiras páginas do livro 300 Discos Importantes da Música Brasileira, reflete ainda a triste verdade: “A música brasileira é a melhor do mundo e a menos divulgada.” O livro é resultado de um projeto do baterista dos Titãs, Charles Gavin, em parceria com os jornalistas Tárik de Souza, Carlos Calado e Arthur Dapieve. “É uma necessidade urgente. Quero preservar a memória da música brasileira”, diz Gavin.
Nele, baterista e críticos musicais selecionaram 300 álbuns que, nas palavras de Gavin, “mudaram e continuam mudando a música brasileira.” O livro é resultado de um trabalho que o músico começou a fazer em 1998 quando, junto com a gravadora Warner, ajudou a relançar em CD os álbuns de 1973 e 1974 dos Secos & Molhados. “A partir daí não parei mais. Em dez anos consegui recolocar no mercado mais 450 discos dos catálogos da Som Livre, Universal, Sony/BMG e Warner.”
A pesquisa é dividida em cinco períodos. De 1929 a 1959 (31 títulos), de 1960 a 1969 (77 títulos), de 1970 a 1979 (104 títulos), de 1980 a 1989 (47 discos) e de 1990 a 2007 (41 títulos). “Cada um de nós fez uma pré-lista com uns 400 álbuns. Daí saíram uns 150 discos que tínhamos em comum”, explica. “Naturalmente a maioria dos álbuns selecionados são da década de 70. Para nós é unânime que nos anos 70 foram produzidas no Brasil músicas de altíssima qualidade”, diz Gavin.
O preço é salgado, R$ 230, e ele será vendido exclusivamente na Livraria Cultura. O cuidado na edição, no entanto, compensa o investimento. Com 434 páginas no formato 31cm x 31cm (as medidas de um LP) o trabalho é fartamente ilustrado pelas capas de todos os discos e traz de bônus dois CDs encartados, ‘O Último Malandro’ (1959), de Moreira da Silva, e ‘Baterista Wilson das Neves’ (1968), de Elza Soares. “São dois álbuns sensacionais e absolutamente essenciais. Estão fora de catálogo”, diz Gavin. Parte da renda obtida com a venda do álbum será doada ao Instituto Sou da Paz. As informações são do Jornal da Tarde.