Livro Foto Retrospectiva 2014 tem múltiplos olhares sobre o ano de 2014

Há tempos, discute-se a crise do jornalismo e, por consequência, do fotojornalismo. Há tempos, discutem-se sua sobrevivência e a substituição de fotojornalistas por jornalistas – em alguns jornais americanos, foram substituídos por entregadores de pizza munidos de celulares. Não importa a transformação e a ressignificação do próprio entendimento do que é fotojornalismo nem as plataformas nas quais as imagens são veiculadas. O que interessa é que, a partir do momento em que o homem percebeu que a fotografia poderia ser um veículo narrativo, histórias precisaram ser contadas e ainda precisam.

Neste cenário, o olhar do fotojornalista é imprescindível. É ele o grande repórter da atualidade e, quando tudo pode ser resolvido diante de uma tela de computador, o fotógrafo precisa estar onde o fato acontece. Memorialista da história, suas imagens preservam e guardam inúmeros acontecimentos do dia a dia, do mais simples a fatos que se tornam cruciais para a transformação e compreensão da sociedade. E são esses registros que estão reunidos no livro Foto Retrospectiva 2014 e Retratos da Copa, organizado pela Arfoc São Paulo com curadoria de Armando Fávaro, Erivam de Oliveira e Eugênio Goulart.

Imagens que insistem em se fazer presentes, em informar, em cutucar. Na apresentação do livro, Rubens Chiri e Nilton Fukuda escrevem: “Com ética, dedicação, responsabilidade e uma boa dose de coragem, desafiamos toda a adversidade para simplesmente informar. E é esse nosso papel dentro da sociedade. Não baixamos nossas câmeras e esta atitude é nossa homenagem aos que sofreram violência ou perderam sua vida no exercício da profissão”. Nem herói nem protagonista da história, o fotojornalista é antes de mais nada um jornalista que procura na síntese de uma imagem carregar uma multiplicidade de informações. Daí a importância de um olhar que, se não é imparcial – nenhum olho é inocente -, é, pelo menos, ético. Em 85 páginas, podemos acompanhar imagens clicadas por 95 fotógrafos e lembrar dos acontecimentos do ano passado, das campanhas políticas, as manifestações de ruas, a violência como um todo, os esportes, as torcidas na Copa, as tragédias as comemorações, as mudanças climáticas, as manifestações culturais, um cotidiano singelo.

Como se estivéssemos diante de um diário que nos relembrasse momentos que não deveriam ser esquecidos registrados por olhares únicos que constroem a nossa história. Imagens que se tornam protagonistas muitas vezes únicas e simbolizam em frações de segundo o que vivemos.

Ver é fundamental para compreender, como lembra a professora de Jornalismo da New York University, Susie Linfield, em seu livro The Cruel Radiance, “o que as fotos nos oferecem – e isso não vale para nenhuma outra forma de jornalismo – é uma dialética única e singularmente poderosa, entre as aparências imediatas e as associações mais duradouras e às vezes involuntárias, o que entendemos e o nosso conhecimento. Não aquilo que está dentro do quadro que interessa: a força da fotografia jornalística deve ser procurada na relação entre as duas coisas”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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