Livro conclama guerra dos sexos

d7w.jpgApesar do espaço que as mulheres conquistaram no mercado de trabalho, elas ainda parecem se comportar como os homens querem. Sem medo da reação que podem causar essas e outras opiniões polêmicas, a colunista de política no New York Times Maureen Dowd trata dos rumos atuais da chamada guerra dos sexos no livro Os homens são necessários? Quando os sexos entram em choque, lançado pela Editora Nova Fronteira. A influente jornalista, vencedora do prêmio Pulitzer pela cobertura do impeachment do presidente Bill Clinton, trata do retorno aos hábitos femininos dos anos 1950 e de como o mundo masculino incorporou as artimanhas do sexo oposto para manter o poder.

A autora já causa controvérsia no próprio título. Além de buscar explicações para o fato de os homens ainda dominarem o universo político, o das empresas e o da orientação religiosa, a jornalista põe em questão a necessidade da existência do sexo masculino. A provocação tem por base pesquisas do cientista britânico Brian Sykes, que observou uma crescente inatividade do cromossomo Y, exclusivo dos homens. A previsão que ele faz é de que ?eles estão com os dias contados?.

Mas, em vez de imaginar como seria esse futuro, a autora analisa a posição da mulher contemporânea, partindo de sua própria vida e de suas observações. Jornalista bem-sucedida, que vem incomodando os últimos presidentes americanos com seus comentários sobre política, ela não esconde que o sucesso na carreira tem lhe trazido azar no amor. É assim que explica o fato de um pretendente ter desistido de um encontro após a conquista do Pulitzer em 1999. ?É tão estranho descobrir, agora, que sendo empregada doméstica eu teria me dado melhor com os homens. Uma empregada de primeira classe, claro?, ironiza Maureen, referindo-se à preferência dos homens pelas subordinadas.

É para se adaptar a essas exigências masculinas, segundo ela, que as mulheres continuam se preocupando mais com a aparência do que com a inteligência e evitam comentários críticos quando estão ao lado do sexo oposto. Ao contrário da mentalidade dos anos 60, que exigia igualdade, a atual se parece mais com a de quatro décadas atrás. Além da mania de compras para a casa e roupas, os avanços da cirurgia plástica se ocupam do restante. ?Tivemos a Belle Époque. Agora temos a ?Botox Époque??, sentencia.

A nova submissão feminina se expressa em atitudes encontradas até na Nova York dos dias de hoje, onde quem paga a conta do jantar continua sendo o homem. Mas, se alguns hábitos estão cada vez mais parecidos com o velho mundo, outros são, segundo a autora, reações ao feminismo e à ascenção da mulher na vida pública e nos negócios. Tanto na política quanto nas empresas, os homens estão adquirindo habilidades antes mais conferidas às mulheres, como o talento para a fofoca, o uso da fragilidade para conquistar objetivos e demonstrações de sensibilidade para ganhar popularidade, como comentar sobre os filhos. ?Eles logo transformaram tipos tradicionais de comportamento feminino em estratégias masculinas para progredir na vida. Enquanto as mulheres, equivocadamente, imitavam os homens, eles passaram a surrupiar as táticas de competição que elas levaram séculos para afiar, no recinto do lar?, observa.

Argumentando que as mulheres têm os melhores instrumentos para conquistar o mundo, Maureen defende uma nova visão do feminismo. Em vez de se parecerem com os homens, elas devem buscar sua identidade. O conselho da jornalista não é cair na submissão para arrumar um bom casamento, mas equilibrar dedicação à vida pessoal e profissional. ?E nós governaremos o mundo. De uma forma bem masculina, claro?, conclui.

Título: Os homens são necessários? – Autor: Maureen Wood – Tradutora: Luciana Persice Nogueira – Preço de capa sugerido: R$ 32,00.

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