Livro aborda homossexualidade na adolescência

Um livro polêmico, que trata da opção sexual dos adolescentes, acaba de ser lançado por dois jovens jornalistas de Curitiba, Diego Ramos e Felipe Glück, formados este ano pela Universidade Positivo. Escrito em formato de livro-reportagem, 7 olhares: depoimentos sobre a homossexualidade na adolescência aborda o tema do ponto de vista de sete pessoas diferentes: uma mãe, um pai, dois amigos heterossexuais, um gay, uma lésbica e uma educadora. Na última semana, a reportagem de O Estado conversou com Felipe Glück, que falou sobre o trabalho e também sobre a homossexualidade na adolescência.

O Estado: De onde surgiu a idéia de fazer um livro sobre a homossexualidade na adolescência?

Felipe: A idéia surgiu quando estávamos no segundo ano da universidade e nos deparamos com uma pesquisa da Unesco intitulada Juventude e Sexualidade. Vimos que, mesmo estando em pleno século XXI, o índice de preconceito contra homossexuais é muito alto e os adolescentes sofrem muito com isso, pois algumas vezes enfrentam preconceitos no ambiente onde deveriam ser acolhidos: suas casas. Só para se ter uma idéia, na pesquisa da Unesco 40% dos adolescentes masculinos não gostariam de estudar com homossexuais. Porém, na minha opinião, o pior de tudo é que 35% dos pais de estudantes revelaram que não gostariam que seus filhos estudassem com homossexuais.

O Estado: Você acredita que o assunto ainda é um tabu?

Felipe: O assunto ainda é um tabu, infelizmente. Quando eu e o Diego falávamos que estávamos fazendo um livro sobre a homossexualidade na adolescência, algumas pessoas olhavam com estranhamento, de canto de olho, como que desconfiando da nossa sexualidade. Acredito que se o assunto não fosse um tabu, o livro não seria necessário e a pesquisa da Unesco traria índices satisfatórios. As pessoas têm medo de tocar no assunto.

O Estado: Quais as principais angústias enfrentadas pelos adolescentes homossexuais?

Felipe: A maior angústia que eles enfrentam é com relação a eles mesmos. Eles se cobram muito por terem essa orientação, por culpa de toda sociedade que espera deles desde o momento do nascimento atitudes e manifestações sexuais ligadas a heterossexualidade. Quando eles percebem que não vão conseguir seguir aquilo que se espera deles, vem a culpa, a frustração. O preconceito é algo que está muito presente ainda em nossa sociedade. Não conseguimos nos desvencilhar do machismo e ainda tem o problema das religiões que atuam a favor do preconceito.

O Estado: Você e o Diego optaram em ouvir não só os adolescentes, mas também outras pessoas que fazem parte da realidade deles. Qual foi o objetivo disto?

Felipe: Como o próprio nome do livro diz são sete olhares, sete visões diferentes. O livro é dividido em fases, queríamos ver o que pensavam todas essas sete pessoas diferentes antes de terem qualquer contato com a homossexualidade, quando descobrem que estavam muito mais perto da homossexualidade do que elas imaginavam e como ficou sua vida depois. O objetivo é ajudar na identificação. Se um jovem homossexual ler o livro, ele vai se indentificar com o homossexual. Se um pai ler o livro, ele vai ver que a homossexualidade pode ser uma realidade não muito distante da vida dele. Se ele vier a ter um filho homossexual, não é o fim do mundo e o mesmo com um jovem heterossexual que pode ter um amigo homossexual.

O Estado: Quais dificuldades vocês, recém-formados em Jornalismo, encontraram para lançar um livro?

Felipe: Lançar um livro no Brasil não é nada fácil. O nosso foi publicado com nossos próprios recursos. Para os outros que virão, esperamos ter o apoio de alguma editora.

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