O mercado editorial não tem do que se queixar no ano de 2005, com grandes lançamentos chegando às prateleiras todo mês. Para a infelicidade de autores complexos, o consumidor está cada vez mais interessado em romances de leitura rápida. Entre os livros mais vendidos (ficção) do dia 15 a 22 de julho nas Livrarias Curitiba estão: em primeiro lugar O código da Vinci, de Dan Brown, seguido por Anjos e demônios e Fortaleza digital, ambos do mesmo autor, com publicação da editora Sextante. Assassinatos na Academia Brasileira de Letras, de Jô Soares, e O zahir, de Paulo Coelho aparecem na mesma lista.
Na categoria não-ficção os mais vendidos foram No bunker de Hitler, de Joaquim Fest, Perdas e ganhos, de Lya Luft e Amor é prosa sexo é poesia, de Arnaldo Jabor. Em auto-ajuda a primeira posição ficou com O monge e o executivo, seguido de Jesus, o maior psicólogo que já existiu. Na literatura infanto-juvenil a primeira posição ficou com o recém-lançado Harry Potter and the half blood prince, de J.K. Rowling, ainda sem tradução.
Em O código da Vinci Dan Brown narra um assassinato dentro do Museu do Louvre, em Paris, que traz à tona uma conspiração para revelar o maior segredo protegido por uma sociedade secreta desde o tempo de Cristo.
Brown usou a mesma fórmula de escrita rápida, fácil e envolvente nos outros livros, o que garantiu sua publicação e os primeiros lugares de venda em todo o mundo.
Segundo o diretor comercial das Livrarias Curitiba e diretor da Região Sul da Câmara Brasileira do Livro (CBL), Marcos Pedri, as editoras adequaram os livros para o mercado consumidor atual. ?As letras ficaram maiores, mais espaçamentos e uma literatura simples, possibilitando que o leitor de hoje compre livros?, afirma. Segundo ele, o leitor não está com disposição para livros pesados e discursivos.
Do outro lado da mesa está o crítico e escritor Wilson Bueno. Segundo ele, os livros comerciais não são literatura e sim entretenimento e objeto de desejos. ?Eu chamaria de best-péssimo (alusão a best-seller) um livro que não inspira, não serve de base para um encantamento?, diz. Afirmando não ser nenhum moralista, Bueno reconhece que a literatura rápida movimenta a indústria editorial e possibilita que algumas editoras também publiquem autores mais complexos. ?Eles publicam um best-seller para então publicar um livro que exige mais tempo do leitor, e que não vende nada nunca. Um carrega o outro nas costas.?