Este é o livro que colocou o nordestino no mundo literário do sul maravilha. Uma Mulher Vestida de Sol foi a primeira grande tragédia produzida no Nordeste. Suassuna a escreveu para um concurso promovido pelo Teatro do Estudante de Pernambuco em 1947, e foi classificada em primeiro lugar. Começou ali a carreira de Ariano.
“Escrevi-a e, não me agradando completamente da sua forma primitiva, reescrevi-a dez anos depois. Na primeira versão, o que eu gostava era o aproveitamento das “excelências” e dos cantos fúnebres, o tom poético e mesmo a forma de alguns versos entremeados à prosa, mistura que conservei na segunda, por julgar esse o meio mais eficaz para atingir a verdade teatral da trama.”
Segundo Suassuna, esse livro era a primeira tentativa de recriar o romanceiro popular nordestino.
Para o crítico Hermilo Borbal Filho, o caráter puritano da primeira versão, quando o autor ainda era protestante, diluiu-se e a peça ganhou uma atmosfera de amor e violência comparável à das famílias elisabetanas, que une os elementos de sangue, honra, família, incesto nas exatas medidas dramáticas.
Aqui um trecho do livro: “depois apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestrida de sol, que tinha a lua debaixo dos seus pés e uma coroa de doze estrelas sobre sua cabeça; e, estava grávida, clamava com dores de parto e sofria tormentos para dar à luz. A igreja sofre em todos os tempos, mas, no meio dos seus sofrimentos, continuará sempre a dar à luz filhos espirituais para Deus”.