Bailarinos de “O Tombo”: aulas de canto e montanhismo para bem dançar. |
O Guaíra 2 Cia. de Dança (o G2), que já foi contemplado com o Prêmio Estímulo da Associação Paulista de Críticos de Arte, estréia O Tombo. Fiel à sua linha avançada de criação, o roteiro foi construído a partir do conto de Sérgio Sant’Anna, Por um Discurso do Método. E a Téssera, grupo de dança da UFPR, vale-se de texto de Clarice Lispector para o espetáculo Aniversário.
O conto de Sant’Anna narra a situação hipotética de um suicida. Entretanto, a realidade é outra. Trata-se apenas de um momento de descanso de um limpador de vidraças que, no alto do prédio, pára de trabalhar e provoca na multidão lá em baixo a falsa impressão de uma tentativa de suicídio.
Acompanhado de uma belíssima trilha musical, esse processo de ficção permite desenvolver uma dramaturgia corporal, dando a impressão de uma quase narrativa oral. O Tombo é mostrado nas suas mais diferentes e amplas perspectivas humanas. Assim, vai da simples queda física até a queda como metáfora de brusca mudança de estado, da emocional à política.
Um andaime por cenário possibilita referências diretas a situações de risco da queda física iminente e ajuda a criar outras cenas relacionadas ao próprio trabalho. Para estruturar com realismo a construção cenográfica do espetáculo, os bailarinos tiveram aulas de montanhismo. E, para essas outras cenas, eles usam equipamentos esportivos especiais.
Os ritmos e arranjos atualizados das obras-primas da música com Pedro Pedreiro e Construção (de Chico Buarque), Meu Mundo Caiu (de Maysa). De Frente pro Crime (de João Bosco) e de muitas outras da MPB, agregam mais emoção ao espetáculo.
O elenco teve aulas de canto e de técnica vocal com o professor Pedro Gória. Logo, no início das cenas, os artistas cantam uma embolada, criada por Júlio Mota, bailarino do G2, que no momento faz mestrado em dança, na Universidade Federal da Bahia. A concepção e a direção também são de Mota, com co-direção da própria diretora-artística do G2, Carla Reinecke.
Carla disse que, para realizar as coreografias da dança, usando um andaime de construção civil e técnicas de montanhismo, mostrando quedas e recuperações, ela e a equipe fizeram muitas pesquisas e estudos. A criatividade e participação especial de cada bailarino, para a busca de novos movimentos, resultou no conjunto final do espetáculo.
***
Amanhã e sábado às 20h30 e domingo, às 18h30, no Guairinha. Ingressos a cinco reais.