Grupos e artistas pouco conhecidos do público foram os maiores contemplados pela 25.ª edição do prêmio Shell de Teatro. Em 2012, a produção alternativa já havia sido destacada. Neste ano, porém, a tendência parece ter se acentuado entre o júri, que trouxe várias companhias jovens – e ainda não consagradas – entre os indicados.
Sem um grande vencedor, a premiação lançou luzes sobre duas montagens vistas no ano passado. L’Illustre Molière levou para casa três troféus: melhor ator, para Guilherme Sant’Anna. Música, para Fernanda Maia, e figurino, para Zé Henrique de Paula. Já Recusa, da companhia Balagan, mereceu dois prêmios: melhor direção, para Maria Thais, e cenário, para Márcio Medina.
Diversos títulos que se destacaram na última temporada não figuravam entre os indicados. Outros, embora lembrados, concorreram apenas nas categorias técnicas. Sem indicações nos quesitos principais, o novo espetáculo do Teatro da Vertigem, Bom Retiro, 958 Metros, levou apenas o prêmio de melhor iluminação – sua única indicação – para Guilherme Bonfanti.
Houve também prêmios que chegaram com atraso de um ano. Na última edição, Lavínia Pannunzio concorria como melhor atriz por dois espetáculos. Apesar do favoritismo, não ganhou. Neste ano, foi finalmente consagrada com a estatueta por sua interpretação na peça Um Verão Familiar.
Na categoria de melhor autor, os jurados decidiram apostar em um representante da nova dramaturgia. Alexandre Dal Farra recebeu o troféu por Mateus 10, seu quinto trabalho com o grupo Tablado de Arruar. O texto joga com referências literárias como Crime e Castigo, de Dostoievski. E foca a transformação de um pastor evangélico após descobrir um trecho bíblico.
Os artistas da nova geração voltaram a ser reconhecidos na categoria especial. O jovem diretor Eric Lenate figurava entre os indicados. Os jurados, porém, preferiram consagrar o trabalho do veterano Lume. O grupo sediado em Campinas completa 28 anos de trabalho ininterrupto. “Agradecemos a todos os mestres que tivemos durante esses anos, que sempre nos puxaram o tapete e nunca deixaram que nos acomodássemos em um único lugar”, disse o ator Jesser de Souza.
Vários dos premiados não estiveram presentes à cerimônia, comandada pelas atrizes Beth Goulart e Nicette Bruno. Os vencedores de melhor direção, ator e atriz tiveram que ser representados na hora de receber os troféus. A concorrência com o prêmio da APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte, que acontecia no mesmo dia e horário, talvez ajude a explicar as ausências. Cada vencedor recebe uma escultura em metal, do artista plástico Domenico Colabrone, e R$ 8 mil.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.