Lilian Witte Fibe largou a bancada do Jornal da Globo, em abril de 2000, porque não agüentava mais trocar o dia pela noite. Mas não conseguiu ficar muito tempo longe do noticiário. Como as propostas para fazer rádio e tevê não a seduziram, se aventurou pela internet. Seis meses depois, já estreava no portal Terra e, mais adiante, no UOL, onde continua até hoje. "Não canso de aprender. Se o que estou fazendo não me motiva, prefiro sair. Já a internet me pegou pelo pé. É sempre uma aula por dia!", enfatiza. Mesmo assim, não se dava por satisfeita. Volta e meia, entrava em negociações com alguma emissora, mas nunca chegava a um consenso.
Até que, no dia 7 de maio, um sábado à tarde, recebeu um telefonema de Rogério Gallo, o novo diretor artístico da Rede 21, que parecia ser decisivo. E, de fato, foi. Na segunda, dia 27, ela volta à tevê no Jornal 21. "Naquele mesmo dia, lá estava eu assinando o que eles chamam de ‘carta de intenção’", empolga-se.
Na verdade, o "affair" entre Lilian Witte Fibe e a Rede 21 já durava três anos. Nenhuma das propostas anteriores, porém, sensibilizaram muito a jornalista. "Nem lembro exatamente porque não deu certo das outras vezes. Sempre faltava acertar um detalhe ou outro", desconversa. Quando assumiu a direção artística do canal, Rogério Gallo não teve dúvidas. Investiria pesado na contratação de um nome forte para ancorar o Jornal 21. "O nome da Lilian é imbatível quando se pensa em jornalismo de opinião com credibilidade", valoriza Gallo, que já deu expediente na MTV, Rede TV! e Band. Mais do que cifras altíssimas e regalias absurdas, Lilian Witte Fibe reivindicou uma carga horária compatível. Escaldada com a famosa "volatilidade" dos telejornais, que motivou, inclusive, sua saída da Globo, ela garante que vai pegar no batente às 21h e sair de lá às 22h30, logo após o término do Jornal 21. "Sou CDF quando o assunto é trabalho. Fisicamente, estarei na Rede 21 das 21 h às 22h30, mas, graças a essa maravilha que é o computador, estarei ‘on line’ com minha equipe 24 horas por dia", ressalva.
Quanto ao formato de seu mais novo telejornal, Lilian Witte Fibe admite que não há muito o que fazer. A tendência é seguir a linha do telejornalismo ágil, opinativo e, principalmente, autoral. "A verdade é que não dá para reinventar a roda. ‘Hard news’ é ‘hard news’ e ponto final. Caiu o José Dirceu? Então, pronto, esse é o assunto do dia e acabou", exemplifica. Mesmo longe dos telejornais há cinco anos, Lilian não deixou de assisti-los. E nem poderia. Mesmo assim, entrega que não gosta muito do que tem visto por aí… "Alguns são tão chatos que chegam a me dar sono. Devo estar assistindo aos telejornais errados, não é possível. Vou tentar não dar sono nos meus telespectadores", brinca ela.
O Jornal 21 vai ao ar, de segunda a sábado, às 22h, mesmo horário do Jornal das 10, da Globonews. Apesar de ser mais tarde que em geral, diz gostar do horário. "Às 22h, o público presta mais atenção ao que está sendo dito. O horário do JN, por exemplo, é muito tumultuado… É telefone tocando, é criança chorando…", enumera. Melhor do que ser exibido às 22h, pondera, só mesmo o fato de ter horário certo para ir ao ar. Lilian se queixa dos tempos do Jornal da Globo, quando ele podia entrar no ar tanto às 23h30, quanto às 2h. "O problema da maioria dos telejornais é a fidelização do horário. É muito ruim quando o público não sabe a que horas o telejornal vai ao ar", insiste. Inconformada, pediu, por diversas vezes, para trocar de horário. Diante da recusa da Globo, pediu para sair.