Uma mulher esquecida na prateleira, tal qual um produto velho. Que “causa congestionamento no céu de tanta promessa que faz para arranjar um marido”. Tenta desde a adolescência, e nada, segue solteirona. E virgem. À beira dos 50 anos. Essa é Maria do Caritó, a nova personagem de Lilia Cabral, que enternece e faz rir no palco do Teatro das Artes, no Rio.
A estrela da peça é considerada uma das maiores atrizes brasileiras em atividade; o autor é Newton Moreno e o diretor, João Fonseca, ambos premiados; as críticas, positivas, ressaltam o alto nível da trupe que transita pelo universo de Maria (Leopoldo Pacheco, Silvia Poggeti, Dani Barros, Fernando Neves, todos em mais de um personagem, o galanteador, o coronel, a cúmplice, a mãe, a aproveitadora, o pai).
Resultado: os ingressos somem da bilheteria, tal qual água no sertão nordestino, onde a narrativa se situa. Nada que tire do lugar a cabeça de Lilia, também produtora do espetáculo. “Podem pensar que cheguei a um estágio em que ninguém vai falar mal de mim, porque venho de um espetáculo que ficou três anos em cartaz, mas não é nada disso”, revela a atriz, referindo-se a “Divã”, peça que virou filme e será série da TV Globo. “Se fosse assim, perderia o sentido.”
O texto, terceiro de Moreno encenado no Rio, foi escrito para Lilia, que capricha no sotaque nordestino. Lilia sabe que sua exposição na TV e no cinema chama público, mas prefere não se deitar na cama do sucesso, feita ao longo de 30 novelas, 6 filmes e 15 peças de teatro. “Estamos fazendo teatro puro. É uma história lúdica e os sentimentos são próximos do público. Nós crescemos acompanhando essa cultura popular. Gosto dessa carpintaria, de pegar a madeira e transformá-la numa cômoda. É muito diferente de TV e cinema: a cabeça trabalha o tempo inteiro.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Maria do Caritó – Teatro das Artes (R. Marquês de São Vicente, 52, Rio). Tel. (021) 2274-9865. Quinta a sábado, 21h30. Domingo, 20h. R$ 60 a R$ 80.