Recordista de indicações deste ano, no Globo de Ouro, La La Land recebeu as sete estatuetas a que concorria, inclusive melhor filme de musical ou comédia, diretor (Damien Chazelle), ator (Ryan Gosling) e atriz (Emma Stone). Mesmo que o prêmio não seja mais um indicador seguro do Oscar – os troféus dos sindicatos são apostas mais promissoras -, você pode ficar certo de que La La Land terá muitas indicações para o prêmio da Academia e, eventualmente, pode até vencer. Hollywood adora musicais.

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Enquanto o Oscar não chega, La La Land já lidera, com 11 indicações, a corrida pelo Bafta, o prêmio da Academia inglesa. O anúncio foi feito nesta quarta, 11. Com o subtítulo, no Brasil, de Cantando Estações, La La Land estreia somente dia 19, mas, a partir desta quinta, 12, terá pré-estreias diárias. Não será um circuito tão grande como as 700 salas que vão exibir Os Penetras 2, de Andrucha Waddington, mas você pode anotar que a corrida aos cinemas será grande. Globo de Ouro, Oscar. Esses prêmios são poderosos chamarizes de público. E La La Land é muito, muito bom. O curioso é que, apesar das múltiplas referências a Vincente Minnelli e Bob Fosse, a matriz do musical de Damien Chazelle é europeia – Jacques Demy. Jacques quem? Você sabe. Há um culto a Jacques Demy e a filmes como Os Guarda-Chuvas do Amor e Duas Garotas Românticas. Nos anos 1960, muitos críticos chamavam o lirismo de Demy de mentiroso. Chegaram a transformá-lo num ‘caso’ para justificar a decadência da nouvelle vague, o movimento de renovação do cinema francês da época.

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Lirismo mentiroso? Com canto, dança e estrutura de melodrama, Os Guarda-Chuvas do Amor não é só inovador quanto à forma. É um dos filmes mais duros feitos na França pós-Guerra da Argélia e um dos raríssimos, no calor da hora, a abordar o tema quase sempre escamoteado pelos demais autores da nova onda. Demy é a matriz de Chazelle, o diretor de Whiplash, que no Brasil, só para lembrar, ganhou um acréscimo ao título – A Busca da Perfeição. É o tema embutido em La La Land. A história de um casal. Ryan Gosling quer ter seu clube de jazz, Emma Stone quer ser atriz. Eles conseguem, mas… Olha o spoiler. A vida é imperfeita, só a arte é perfeita para realizar aquilo que a realidade inviabiliza. Nesse choque entre arte e vida, entre o que se sonha e o que se adquire, há uma tristeza profunda na essência de La La Land. Mas o filme é belo. Como os musicais de Demy.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.