O rosto angelical de Graziella Schmitt é talhado para viver heroínas. Mas esta gaúcha de 21 anos está tendo que convencer mesmo é como uma malvada na televisão. A atriz de voz meiga e gestos delicados interpreta Laila, a personagem mais perversa do seriado “Sandy & Júnior”.
Para conquistar o protagonista Júnior, vivido obviamente pelo irmão de Sandy, Laila já fez de tudo no programa da Globo. Mas Graziella faz questão de afirmar que, por mais vilã que a personagem seja, ela nunca vai chegar ao nível de maldade de vilãs de novelas e minisséries. “O seriado tem um estilo mais ameno de dramaturgia e não carrega tanto na interpretação. Por isso, digamos que a Laila é uma vilã light”, analisa.
Como a orientação dos diretores do programa foi justamente não caricaturar a personagem, Graziella foi buscar inspiração em lugares diversos. A atriz assistiu a vários filmes da também delicada Nicole Kidman, por exemplo. Também buscou inspiração no estilo sensual de Babalu, heroína de “Quatro por Quatro” vivida por Letícia Spiller, e na homônima Laila interpretada por Cristiane Torloni em “Um Anjo Caiu do Céu”, de Antônio Calmon. “Na Babalu procurei analisar o jeito de andar e de se vestir meio perua. Já a Laila era mesmo pela maneira que a Cristiane interpretava uma vilã. Tentei fazer um mix das duas”, explica.
A chance para a atriz entrar para o elenco fixo de “Sandy & Júnior” aconteceu no ano passado. Ela foi convidada para fazer testes para o seriado depois de ser vista protagonizando a peça “A Bela e a Fera” no Rio de Janeiro. “O pessoal da agência Ford Models me viu e me indicou para o teste. Nem acreditei”, lembra a atriz. Graziella não esconde que ficou nervosa no dia, mas que deu conta do recado. O teste era uma reprodução de um diálogo entre Laila e a irmã Leila, que acabou nas mãos da atriz Juliana Knust. “Fiquei uma pilha de nervos porque aquele teste poderia mudar a minha vida. Foi muita adrenalina”, confessa.
Ex-paquita
Na verdade, Graziella já havia passado por outra situação em que seria escolhida para uma vaga para a televisão. A atriz foi paquita durante cinco anos e serviu como assistente de palco de Xuxa nos extintos programas “Xuxa Park” e “Planeta Xuxa”. Graziella lembra que a escolha para paquita foi mais complicada e demorada. Além de a concorrência ter sido bem maior do que a que encarou em “Sandy & Júnior”. “Foram 2.500 meninas para sete vagas”, assusta-se. Depois de passar por uma grande entrevista já entre 110 meninas pré-selecionadas, a atriz na época com o cabelo cor de mel ainda fez testes de fotogenia, canto, etiqueta, postura, línguas e dança. “Foi um verdadeiro funil. Nem acreditava que iria passar”, ressalta.
Após a experiência global, Graziella acabou indo trabalhar na Record do Rio de Janeiro em 2000. Durante dois meses ela apresentou o programa “Show da Gente”, um game com universitários. Como a estrutura da produção era pequena, Graziella teve de fazer de tudo um pouco. “Foi ótimo porque ganhei experiência em outras áreas, como produção e apresentação”, analisa. Contratada da agência de modelos Elite na época, Graziella aceitou a proposta de passar um período de dois meses no Japão trabalhando como modelo. “Fiz muita foto para revistas e catálogos”, lembra. Quando retornou ao Brasil, pensou em investir na carreira de modelo e mudar-se para São Paulo. “Mas sofri uma queimadura em um acidente e fiquei oito meses parada”, lamenta.
Graziella acabou ficando mesmo no Rio e resolveu estudar para se tornar uma atriz. Além de ter aulas durante um ano com o professor Antônio Amâncio, entrou para a faculdade de Teatro. Hoje ela cursa o terceiro período. Sem saber se o seriado vai ser montado em 2003, Graziella tem a certeza de que quer continuar a carreira de atriz. Ela só não gosta da invasão de privacidade a que os profissionais da área estão expostos. Há alguns meses, por exemplo, rumores apontavam para um provável namoro entre Graziella e Júnior, que ela se apressa em negar. “O lado chato de ser atriz é a fofoca. Mas estou aprendendo a lidar com isso”, garante com sua voz levemente rouca.