Duas expressivas obras surgem para enriquecer a estante da criança e do adolescente: O mundo de cabeça para baixo – Relatos míticos dos incas e seus descendentes (Editora Cosac & Naify, Coleção Mitos do Mundo) e Literatura oral para a infância e a juventude (Editora Fundação Peirópolis), uma reedição da antologia organizada pela poeta mineira Henriqueta Lisboa falecida em 1985.
Escrito pelo antropólogo peruano Rodrigo Montoya, O mundo de cabeça para baixo é o quarto volume da coleção organizada por Betty Mindlim, enriquecido por ilustrações de Andrés Sandoval. A criação do mundo, segundo a mitologia quéchua, tal como foi relatada geração após geração, até seus descendentes atuais que Montoya descreve.
São histórias protagonizadas por pessoas comuns e por deuses, por animais e pelos primeiros líderes incas, como Manco Cápac e Atahualpa. Montoya apresenta ao leitor o relato da fundação de Cusco, o assassinato de Atahualpa, a estranha dança das tesouras e os rituais dos índios que incorporavam espíritos.
Ao mesmo tempo em que propõe uma reflexão sobre a identidade de seu povo, ultrajada pelo agressor externo, Montoya transmite também uma mensagem de esperança no futuro – esperança que é um fator de aproximação de todos os povos da América Latina, e que é representada pela crença de que um deus, Inca Ri, que teve o corpo dividido em pedaços que foram enterrados em diferentes lugares, um dia retornará para a redenção de seu povo.
Já a obra de Henriqueta Lisboa, com prefácio e ilustrações de Ricardo Azevedo, contemplam lendas, contos e fábulas de tradição européia, africana e indígena. E oferece um conjunto de narrativas recolhidas por dezoito grandes estudiosos da cultura popular brasileira, entre eles Couto de Magalhães, Sílvio Romero, Silva Campos, Amadeu Amaral, Aluísio de Almeida, Lindolfo Gomes e Luís da Câmara Cascudo.
Os textos selecionados representam uma rara oportunidade de o leitor mergulhar no universo do folclore brasileiro, com sua riqueza de matizes culturais e a diversidade de temas que inspiram a imaginação e a criação de novas histórias. Ou de novas versões para uma mesma história.
