Após a acolhida favorável a “Preciosa – Uma História de Esperança”, Lee Daniels admite que se sentiu pressionado. “Havia uma expectativa de que eu me tornasse a nova voz negra da América. Eu queria ser só uma voz.” E, por isso, fez “Obsessão”, que estreia nesta sexta-feira, 4, no Brasil. “Sabia que não teria a mesma receptividade de ‘Precious’. Era um filme para amar e odiar, sem áreas cinzentas.” Ele pergunta o que o repórter achou do filme. “É melhor que ‘Precious’.” Lee Daniels explode – “I love you, man.” Levanta-se da cadeira. Abraça, quer beijar. “Menos, menos, please.”

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Lee Daniels é uma figura. Está no Rio mostrando seu novo longa no festival. “‘O Mordomo da Casa Branca’ teve sua gala ontem, 3, à noite. Segundo o diretor, era o filme que todo mundo esperava dele após “Precious”. Ele se orgulha do próprio trabalho, mas confessa: “Prefiro Obsessão. É meu melhor filme e as pessoas ainda vão se dar conta disso”.

O repórter ironiza – disse que ele devia estar pensando que era Federico Fellini para colocar seu nome no filme. O título original é “Lee Daniels The Butler”. “Mas não fui eu que quis isso. Havia uma disputa pelo título “The Butler/O Mordomo”. Alguém do marketing teve a ideia de colar meu nome. Achei que seria muito narcisístico, e imagino que seja para segmentos do público e da crítica. Meio excessivo, não?” Mas ele diz: “Lá no fundo, é um abraço no meu ego”.

Aos 44, Daniels se surpreende acima de tudo por ser um sobrevivente. “Cresci em West Filadélfia, que é uma das áreas mais violentas da América. Meus amigos morreram vítimas de tiros, outros de HIV ou por causa das drogas.” Foram as circunstâncias do próprio meio social que o levaram a essa vida de risco? “O que você acha?”, Daniels retruca. Que ele optou por viver perigosamente. “You got it, foi isso.” Valeu a pena? “Muito.

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Daniels é gay assumido. Portanto, além de negro – afrodescendente, para ser politicamente correto – e pobre, tinha mais um elemento para dificultar sua vida num meio preconceituoso. É o alimento de seu cinema. “Gosto de personagens outsiders, fora das normas, porque sou um outsider.” De novo o repórter brinca – um outsider de luxo, que virou o darling de Hollywood. “Nem tanto. Agora mesmo, estou no meio de uma discussão importante com meus produtores”, aponta para o celular.

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Discutindo salário? “Não, salário não é o mais importante. Estou discutindo o final cut, a montagem final. Em todos os meus filmes, tive sempre o último corte, mas o próximo, sobre o qual não posso falar, será mais caro e os produtores querem garantias. Temem me dar o corte final. É isso ou nada.”

OBSESSÃO – Título original: The Paperboy. Direção: Lee Daniels. Gênero: Suspense (EUA/2012, 107 minutos). Classificação: 16 anos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.