“E se daqui a mil anos não for mais possível criar objetos artístico porque o homem terá pele e olhos supersônicos e uma mente mais aberta?” A divagação soa natural falada pela norte-americana Laurie Anderson, figura pop desde o grande sucesso da canção “O Superman”, em 1981. Experimental e multimídia, apesar de ter ficado mais conhecida pela música (tem diversos álbuns gravados e seu último é “Homeland”, de 2010) e pelas performances realizadas a partir da década de 1970, a artista Laurie Anderson é um mundo de criações ainda mais diverso e misturado do que se possa imaginar a partir de suas canções de atmosfera surreal, mas também mundana e política. É isso que se pode ver na mostra “I In U/ Eu Em Tu”, a primeira retrospectiva da artista no Brasil, a partir de amanhã, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de São Paulo.

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Cantora, compositora e violinista desde criança, com formação em história da arte e em escultura – e casada com o músico Lou Reed – Laurie Anderson, aos 63 anos, pode se valer de diferentes meios e linguagens em suas obras, mas todas têm o sentido puro do querer falar ao público de maneira simples. “É uma mostra sobre histórias, às vezes contadas em fotografias, em filmes ou em objetos. São sobre muitas coisas, como música, vida, comida, família, tristeza, amor”, diz a artista ao jornal O Estado de S. Paulo, sentada no café do CCBB. De fala doce, baixa e tranquila, Laurie, que já se apresentou duas vezes no Brasil – em 1989, no Rio, e em 2008, em São Paulo – afirmou que não quis uma exposição “acadêmica”. “São 40 anos de trabalho; tentei misturar tudo”.

Já na rotunda do centro cultural está a obra Handphone Table, em que histórias são contadas por vibração sonora (o visitante deve tapar os ouvidos e sente a voz de Laurie). Andando ainda mais pelas criações multimídias da artista, o público encontrará o Talking Pillow (travesseiro que conta sonhos); o Self Playing Violin (instrumento criado por ela e que toca sozinho); o Parrot (papagaio que fala em português, pela voz do ator Fabio Tavares); e uma versão de um de seus trabalhos mais recentes, a instalação Delusion, com grande projeção de imagens, sons e aqui com três narrativas (originalmente, segundo a artista, é apresentada em forma de espetáculo, participação de músicos).

A exposição reúne, assim, tanto obras (algumas, inéditas) que têm caráter mais interativo como 19 filmes, vídeos, desenhos e fotos. “A ideia era ser intimista”, diz Marcello Dantas, produtor e curador da mostra – foi ele que trouxe Laurie ao Brasil em 1989 e em 2008 lançou ao CCBB o projeto dessa exposição, que chega ao Rio em março. Para a abertura da mostra, amanhã, a artista vai realizar, às 16h, a performance Duetos sobre Gelo, criada em 1975, e às 18h, uma palestra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Laurie Anderson – CCBB (Rua Álvares Penteado, 112). Tel. (011) 3113-3651. Das 10h/20h (fecha na segunda). Grátis. Até 26/12. Abertura amanhã, às 16h.