Laura Erber estreia no romance com ‘Esquilos de Pavlov’

Para uma das epígrafes de seu romance de estreia, a artista visual Laura Erber escolheu a seguinte frase de Katherine Mansfield: “Minha mente parecia um esquilo. Eu juntava e juntava coisas, e depois as escondia, para quando chegasse um longo inverno”. Ciprian Momolescu, o protagonista da obra em questão, tem sua variação: “Eu era um esquilo juntando coisas para um dia desistir de verdade e depois desistir de desistir”. Mais do que coincidência ou apropriação, a ideia remete à origem do romance e ao seu processo de escrita. Por algum tempo, a autora colecionou inquietações com relação ao seu ofício, citações, anedotas, restos de conversas, entrevistas, ensaios, fotos, cenas. Essa coleção seria a base de Esquilos de Pavlov, que chega às livrarias nesta semana.

Formada em Letras, com mestrado e doutorado, residências artísticas na França, Alemanha, Bélgica, Cuba, trabalhos expostos em centros como o MAM, no Rio, e a Fundação Miró, em Barcelona, Laura, 33 anos, publicou livros de poesia por editoras independentes e não se pressionava a escrever um romance. Mas, em 2010, fazendo pesquisas na Dinamarca para o doutorado, ocorreu a ela esse nome, Ciprian Momolescu. “Nas minhas poesias, já apareciam vozes que não eram mais a minha. Então surgiu a necessidade mesmo de criar esse personagem”, conta.

A decisão de escrever o romance, porém, não foi deliberada. Ela estava mais interessada em testar formas narrativas enquanto refletia sobre arte contemporânea. Não queria tratar do tema com a poesia ou num ensaio crítico. “Fui dando vida a esse narrador que deflagrou o processo criativo e outras questões que eu vinha pensando foram tragadas pela narrativa. O romance acabou sendo um lugar onde eu pude fazer uma articulação, uma mistura de colagens desses relatos que eu vinha acumulando”, explica.

Na história, Ciprian é um artista romeno que vaga pela Europa de residência artística em residência artística. Seu pai também experimentou a arte, mas seu contato com o Surrealismo foi frustrado e ele acabou sustentando a família com a história que criou, do ursinho metalúrgico que tem a chance de ganhar o mundo, mas volta sempre à rotina. Ao seu lado, o gato Li Po. Às vezes, uma mulher. No fundo, relações familiares precárias.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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