Lanterna Verde é diversão tipo Sessão da Tarde

Se existe uma franquia que vem rendendo lucros para os grandes estúdios de cinema é a dos super-heróis de quadrinhos. Geralmente contando com polpudos orçamentos, esses filmes contam com forte apelo junto ao público e, na maioria das vezes, atinge cifras impressionantes logo nas primeiras semanas de exibição. Apenas para ilustrar estes números, a produção mais bem sucedida deste gênero, Batman – O cavaleiro das trevas, contou com orçamento de US$ 185 milhões e arrecadou mais de US$ 1 bilhão. Com números assim, ninguém seria louco em não apostar em transportar este universo dos gibis para as grandes telas.

Porém, isso não implica em dizer necessariamente que qualquer coisa que se faça vai dar certo. Por exemplo, Mulher-Gato, mesmo contando com Halle Barry (vencedora do Oscar de melhor atriz pelo filme A Última Ceia), foi um fracasso retumbante. Infelizmente, a nova produção da DC Comics, Lanterna Verde, tende a seguir mais esta linha de fracasso ao sucesso. O filme não vem fazendo boa bilheteria lá fora, ainda que não tenha dado prejuízo aos estúdios da Warner Bros. Contudo, é de se indagar os motivos que levaram um filme que tinha tudo pra dar certo ter se tornado esta decepção.

Para começar, alerto que críticas mais pesadas estão sendo um tanto quanto injustas. O filme está longe de ser uma hecatombe como muitos estão pregando por aí. Lanterna Verde tem seus acertos sim. O elenco é bom, a maior parte dos efeitos especiais são interessantes (principalmente o Planeta de Oa, base da tropa dos lanternas), a parte do juramento dos lanternas ficou legal e o longa está longe de chatear, garantindo até uma diversão.

Todavia, os problemas superam suas virtudes, fazendo com que o grande vilão do filme não seja Parallax (uma entidade alienígena que se alimenta de medo), mas sim o péssimo roteiro. A necessidade de ser didático demais acaba incomodando o espectador que não sente a menor necessidade deste recurso. Os personagens, muito bem construídos nos quadrinhos, aqui soam rasos, sem que sejam aprofundados. A sensação é que os roteiristas estavam com preguiça e vão jogando os acontecimentos a esmo. O já citado vilão também não chama a atenção, soando como uma versão da DC para o Galactus utilizado no filme do Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado. O outro vilão, o cientista Hector Hammond (interpretado pelo ator Peter Sarsgaard), também carece de mais “sustância”, ainda que seja mais interessante que a entidade cósmica. Personagens como Killowog (voz de Michael Clarke Duncan), Tomar-Re (voz de Geoffrey Rush) e Sinestro (Mark Strong), de grande importância nos quadrinhos, foram deixados meio de lado e mal aproveitados. Os efeitos da roupa e principalmente da máscara do herói galáctico também deixaram a desejar, assim como alguns dos construtos forjados pelo anel.

Ryan Reynolds até que não se sai mal no papel de Hal Jordan/Lanterna Verde. Entretanto, quem tem um pouco de conhecimento sobre o personagem, sabe que ele é sério, nobre, tipificando o cidadão perfeito (ok, houve uma saga em que ele enlouqueceu e se tornou vilão, mas ele retornou a sua velha e habitual forma). No filme, ele é arrogante, irresponsável e um tanto quanto canastrão. Reynolds teria o perfil ideal para viver outro Lanterna Verde da Terra (ao todo, são quatro heróis terrestres), Kyle Rainer, justamente por ser deste jeito.

Se o leitor perguntar se vale à pena ir até o cinema, a resposta é sim. Porém, fica a decepção pelo fato do longa não ter sido tão legal quanto as produções que também estrearam neste ano (X-Men Primeira Classe, Thor e Capitão América, da concorrente da DC, Marvel Comics). Há ainda uma cena no meio dos créditos, que vai mostrar o vilão do próximo filme.

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