Os grustoles
prontos para servir.

No domingo passado, neste espaço, relatei como os colonos italianos faziam suas primeiras refeições, o magniare del matino, a colazion no local de trabalho e o desinare ou almoço. Depois do almoço, os mais velhos tinham o costume de reservar pelo menos uma hora para repousar. Se paravam às 12h, o recomeço dava-se às 14h. E depois, até à hora de dormir, de que se alimentavam?

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Armando Túlio, professor de educação artística e comerciante em Santa Felicidade, explica que entre o almoço e o jantar havia a marenda (lanche), feita por volta das 15h. ?Era quando tomávamos café com polenta torrada ou pão. O lanche era feito tanto por aqueles que estavam nas roças quanto pelos que estavam em casa; a comodidade fazia a diferença. Às 19h, nos deliciávamos com a segunda refeição principal do dia, La cena (o jantar), composta de polenta e uma salada, na maioria das vezes condimentada com graciti (toucinho derretido) e vinagre de vinho. Essa refeição era complementada por ovos fritos ou salame e café ou vinho?.

Explica o professor que, após o jantar, os que estavam na roça, se havia algum vizinho na mesma situação, visitavam-no para conversar, jogar cartas, ou cantar à luz do lampião. Os que estavam em casa na colônia também aproveitavam o tempo depois do jantar. As mulheres, enquanto conversavam, tricotavam, costuravam, bordavam, sempre ao redor do focolaro (fogão de lenha). Os homens limitavam-se a conversas sobre a jornada e, às vezes, um joguinho de cartas. A maior parte das pessoas deitava cedo para acordar cedo.

Os lanches. Além dos alimentos que compunham o regime alimentar dos colonos, alguns eram feitos pensando nas visitas ou nos lanches da tarde. Eram guloseimas, como os grustoles (cueca virada ou orelha-de-gato), porém ?a que mais me marcava era a puina (ricota), para mim a delicia maior?, relata o comerciante, e conta a receita de sua mãe.

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Puina. Colocava-se o soro do qual foi retirada a massa do queijo em uma vasilha e levava-se ao fogo com um pouco de leite fresco. Quando o líquido levantava a fervura, adicionava-se uma pitada de sal-amargo. Com uma escumadeira, retirava-se a espuma pastosa e se colocava em um prato para esfriar dando-lhe o formato arredondado com uma tigela.

Lembrando o que eu disse no texto anterior, pretendo futuramente elaborar um dicionário. Se o leitor ainda fala o italiano dos colonos ou conhece quem o fala e quiser contribuir, envie-me, por gentileza, os termos e seus sinônimos e terá o nome citado. Futuramente entrevistarei outras pessoas sobre os costumes dos colonos italianos.

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Zélia Maria Bonamigo é jornalista, mestre em Antropologia Social pela UFPR, membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná zeliabonamigo@terra.com.br