A 66.ª edição do jornal literário Rascunho traz uma longa entrevista com o escritor Miguel Sanches Neto, autor do recém-lançado Um amor anarquista, romance que recria o ambiente socialista e utópico da Colônia Cecília, fundada por um grupo de imigrantes italianos na cidade paranaense de Palmeira, no século 19. Em conversa com os jornalistas Irinêo Netto, Paulo Krauss e Luís Henrique Pellanda, Sanches Neto fala sobre amor livre, movimentos sociais, idealismo, história e livros.
Outro destaque do mês é o debate proposto pelo jornal acerca dos caminhos da literatura infanto-juvenil no Brasil. Participaram do fórum os escritores Millôr Fernandes, Reinaldo Moraes, Luís Pimentel, Antonio Calloni, Walmor Santos, Paulo Bentancur, Carlos Trigueiro, Pedro Bandeira e Paulo Venturelli. Pimentel e João Anzanello Carrascoza também colaboraram com contos infantis inéditos: O Prejuízo e Moinho de Sonhos, respectivamente.
O Rascunho de outubro também entrevista os poetas Iacyr Anderson Freitas ? em matéria assinada por Jorge Sanglard e Luiz Ruffato ? e Afonso Henriques Neto ? que conversa com Floriano Martins sobre o seu livro Cidade Vertigem. E Deonísio da Silva, que acaba de lançar o romance Teresa, Namorada de Jesus, é entrevistado pelo poeta Álvaro Alves de Faria. Também têm suas obras resenhadas pelo jornal os escritores Haroldo Maranhão (por Marcio Renato dos Santos), Clara Arreguy, André Laurentino (ambos por Adriano Koehler), Márcio Souza e Dalcídio Jurandir. Os dois últimos servem de tema ao texto do escritor Nelson de Oliveira sobre o valor literário de nossos romances históricos atuais. Sobre Erico Verissimo ? cujo centenário de nascimento vem sendo comemorado este ano ?, o escritor e crítico literário Luís Augusto Fischer e o jornalista e escritor José Castello publicaram ensaios inéditos.
O jornal também estréia, nesta edição, uma nova coluna: a Vaga-lume, exclusivamente dedicada aos últimos lançamentos de poesia nacional. Além disso, as colunas Prateleira e Vidraça ganharam novas versões, ampliadas.
Casmurro e Viramundo
No caderno Viramundo ? especializado em literatura estrangeira ?, destacam-se as resenhas para os livros Menina de Ouro, de F. X. Toole, analisado por Irinêo Netto; Os Livros e os Dias e O Amante Detalhista, de Alberto Manguel, na visão de Fabio Silvestre Cardoso; e Equador e Não te Deixarei Morrer, David Crockett, de Miguel de Sousa Tavares, lidos pelo escritor Moacyr Godoy Moreira. Já o poeta Salomão Souza publica um ensaio sobre os 150 anos de Folhas de Relva, de Walt Whitman.
Entre os destaques do caderno Dom Casmurro ? que publica apenas prosa e poesia inéditas ?, estão os contos A Lei, de André Sant?Anna, Amendoeiras, de Adriana Lisboa, e Laranjas, do português Possidónio Cachapa ? texto selecionado por Luiz Ruffato para a sua seção Oceanos, dedicada à literatura lusófona.
Ainda no Rascunho 66, o artista gráfico Ricardo Humberto homenageia Álvaro de Campos na seção Otro Ojo; na coluna Translato, Eduardo Ferreira escreve sobre Georges Mounin; e, no Rodapé, o articulista Rinaldo de Fernandes analisa o livro Linha Férrea, de Tércia Montenegro.