A partir de uma velha fotografia feita por volta do início da década de 40, quando Fidel Castro ainda era um jovem estudante, o pesquisador americano Patrick Symmes, localizou a maioria dos amigos do ex-presidente cubano e desses relatos traçou um completo panorama de Cuba, de Fidel e de seu irmão Raul, que assumiu o governo cubano em 2008, por causa da frágil saúde do irmão. Todos estudaram juntos no colégio jesuíta de Dolores, na cidade de Santiago, daí veio o nome do livro, Os Meninos do Dolores, lançado neste mês pela editora Record (450 pág.).
“Localizei um desses estudantes, hoje com mais de 70 anos, que me disse onde estava o outro e assim por diante”, explica por e-mail o autor de seu escritório nos Estados Unidos. “Eles ainda mantém contato mesmo depois de muito tempo. A maioria ainda vive no mesmo endereço e tem o mesmo número de telefone. É incrível como dentro de Cuba existem pessoas que não se mexerem um centímetro desde 1942, ou se exilaram.”
Na obra, o autor mostra os resultados da revolução em Cuba e seus efeitos catastróficos na vida daqueles alunos. Symmes desvenda ainda a obscura história de Fidel e seu irmão Raul. “Os jesuítas ajudaram a moldar Fidel, mas há relatos de que ele já dizia, desde os 13 anos, que queria ser presidente de Cuba”, diz Symmes. Nas páginas de Os Meninos do Dolores, o desenvolvimento de Fidel e Raul desde a infância até a revolução estão bem explorados. Sua liderança nata junto aos colegas e as brincadeiras pelas ruas de Santiago também são descritas.
Como já era de se esperar, o livro de Symmes é proibido em Cuba. “Nenhum livro investigativo que critica o país é vendido lá. O governo controla as bibliotecas. Por ordem da justiça, meus livros foram queimados. Recentemente soube que a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Declaração de Independência dos Estados Unidos são considerados subversivos.”