Kiarostami fala de formatos e cinema

As novas tecnologias, como o cinema digital, ainda não são capazes de enfrentar o formato tradicional, que usa celulóide e é exibido por projetores de 35 mm. A opinião é do cineasta iraniano Abbas Kiarostami, o primeiro dos grandes convidados e uma das sensações da 28.ª Mostra BR de Cinema a chegar a São Paulo. “Quando surgiu, o formato digital despontou como alternativa para as grandes produções, mas, o mau uso da facilidade oferecida provocou uma rejeição nos grandes distribuidores mundiais, que preferem as produções mais bem produzidas, exibidas em tela grande”, disse o diretor.

Kiarostami é um entusiasta do digital, formato que usa desde que precisou refilmar às pressas as cenas finais de Gosto de Cereja, arruinadas no laboratório. Desde então, o utilizou em Dez e no aula-documentário Dez sobre Dez, novidade da mostra. “Apesar da facilidade, os filmes rodados em digital não são considerados como cinema pelos próprios produtores, que o tacham como um simples home video”, disse o diretor, que concorda sobre a mediocridade que impera na maioria das produções em digital. Para ele, não basta simplesmente saber manipular uma câmera, pois o resultado final é o mesmo que difere as conseqüências de uma faca tanto na mão de um cirurgião como na de um assassino.

O cineasta participa hoje, às 11 horas, do início do seminário A Realidade Digital, que vai tratar justamente das novas tecnologias. O encontro acontece no Clube da Mostra, que fica no Conjunto Nacional, e a entrada é gratuita. À noite, às 19 horas, o cineasta participa de outro debate, agora sobre sua obra, na Faap, onde também será lançado o livro Abbas Kiarostami, editado pela Cosac Naify.

Será a oportunidade para o iraniano confirmar sua preocupação com o domínio do cinema americano no mundo. “Não nego a importância da cinematografia dos Estados Unidos, mas condeno o poder dessa indústria, que impede o crescimento da cinematografia de outros países”, disse ele, incomodado também com os filmes que, em poucas horas, simplesmente enchem e esvaziam a cabeça do espectador.

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