Bastante relutante em abrir o jogo sobre suas opiniões pessoais em relação ao personagem Frank Underwood, de “House of Cards”, Kevin Spacey conversou com jornalistas da América Latina para divulgar o lançamento da primeira temporada da série da Netflix no canal pago Paramount Channel.
O ator afirmou não gostar de julgar seus personagens, mas considera a comparação com o deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e outros políticos “interessante”. “Como ator, eu não posso fazer um julgamento moral sobre um personagem. (…) Tem sido interessante ver que, independente da política, o personagem tem sido visto de formas diferentes”, afirma.
Spacey se disse surpreso ao descobrir que algumas pessoas veem Underwood como um “combatente da corrupção”. Acredite se quiser, o ator afirma que isso acontece com frequência na China e, inclusive, o personagem é visto com bons olhos até mesmo por alguns americanos de Washington. Segundo Spacey, há espectadores que enxergam Underwood por um ângulo heroico, como alguém que “quebra todas as regras” na política e luta contra o poder estabelecido.
O ator, no entanto, afirma que prefere não opinar sobre as ações do congressista fictício ou classificá-lo como “bom” ou “mau”. “A minha opinião nem deveria importar, mesmo quando eu discordo friamente do comportamento de um personagem”, disse. “Eu sempre fico preocupado que a minha opinião possa transparecer de alguma forma. O que tento fazer é proteger o personagem, sem confundi-lo comigo, e acho que até agora tive bastante sucesso nisso.”
Apesar de não ir mais longe nas declarações sobre Underwood, Spacey revelou qual é sua citação preferida do “político”: “Se você não gosta de como a mesa está posta, vire a mesa.”
Da internet para a TV
A série estreia nesta terça-feira, 14, no Paramount Channel, fazendo o caminho inverso do comum: veio do streaming para a televisão. Os episódios da primeira temporada de House of Cards foram disponibilizados na Netflix em 2013, algo novo para a época.
Spacey afirma que a equipe estudou bastante o formato de distribuição da série. “Olhamos de certa forma o que a indústria da música não tinha aprendido. Nos pareceu que o erro foi não reconhecer que, se você dá às pessoas o que elas querem, quando elas querem, no formato que elas querem e por um preço razoável, há chances de que elas vão comprar e não roubar (o conteúdo), porque vai ser de qualidade melhor”, explicou.
Ele relata, ainda, que a equipe de produção e distribuição havia percebido uma tendência de consumo das séries no estilo “maratona” com a popularização dos boxes de DVDs.
No quesito conteúdo, o ator relata que já conhecia a versão britânica de “House of Cards” e foi chamado por David Fincher, que se tornou diretor da série americana, para o papel principal. Spacey conta que ele e Fincher queriam trabalhar juntos novamente, depois de boas parcerias em “A Rede Social” e “Seven”. “Alguns projetos pessoais você aceita porque significam muito para você, diferente de outros trabalhos que eu chamo de transições. Mas, no fim das contas, você sempre espera divertir, quem sabe até ensinar alguma coisa. Você não espera fazer uma pregação, mas talvez dar uma experiência que a pessoa não tenha tido antes”, disse Spacey.
“House Of Cards estreia na Terça-feira às 22h, com a exibição dos dois primeiros episódios. Episódios inéditos serão exibidos todas as terças, às 22h. “Orange is the New Black”, também produção da Netflix, deve estrear no Paramount Channel em abril.