Kermode expõe motivos da grandeza e da perenidade

Frank Kermode, especialista em literatura dos séculos XVI e XVII e um dos mais celebrados críticos e intérpretes do bardo, tem em A linguagem de Shakespeare sua obra-prima. Analisando versos de diferentes décadas da obra do gênio de Stratford- upon-Avon, o autor expõe os motivos da grandeza e da perenidade das peças do dramaturgo inglês. Sem o hermetismo freqüentemente encontrado nos textos críticos, o livro ?é endereçado a um público não-profissional interessado em Shakespeare??, explica o autor. Nesta obra, as análises dos versos são entretecidas com demonstrações de raro conhecimento da história e cultura elisabetanas, assim como de todo o legado da crítica shakespeariana – de Coleridge a Eliot até os novos pesquisadores. A linguagem de Shakespeare tem os méritos de uma grande obra de crítica literária, apresentando a leitura dos textos originais à luz das conclusões do ensaísta. A obra tem a tradução para o português de Bárbara Heliodora, também especialista em Shakespeare. O livro acaba de sair da gráfica da Editora Record, já se encontra à disposição da imprensa e chegou às livrarias no dia 3 de fevereiro.

De um lado, William Shakespeare. Sua vida, obra e até seu verdadeiro rosto já foram motivo de discussão e análise. Do outro, Frank Kermode. Não é surpresa que A linguagem de Shakespeare seja considerado uma obra-prima.

Afastando-se da tradição dos textos críticos, muitas vezes herméticos e entediantes, A linguagem de Shakespeare nos remete ao que sentimos ?mesmo antes de começarmos a desembrulhar os versos, seus ritmos, suas súbitas reviravoltas e retrocessos, suas metáforas brilhando diante, nós e desaparecendo mesmo antes de podermos alcançá-las?.  

Não raro, os textos clássicos das grandes tragédias shakespearianas são associados a uma linguagem difícil para leitores contemporâneos. Segundo os especialistas, essa forma de expressão teria sido um entrave até mesmo para as platéias elisabetanas. O autor explica como Shakespeare utiliza certas ?matrizes? lingüísticas que se tornaram fundamentais ao longo de sua obra, e identifica as passagens que foram revestidas com uma nova linguagem. Nesta seleção, abordando 16 peças, destacam-se as quatro grandes tragédias escritas no auge da carreira do dramaturgo: Hamlet, Otelo, Rei Lear e Macbeth.

Kermode ressalta uma importante mudança ocorrida em meados da carreira de Shakespeare: ?Os anos 1599-1600 parecem ser, grosso modo, a época em que Shakespeare, já autor de várias obras-primas, mudou-se para um novo nível de realização e dificuldade. Houve um ponto determinante, creio, e associo-o a Hamlet e ao poema ?The Phoenix and the Turtle??.

A linguagem de Shakespeare (Shakespeare?s language), de Frank Kermode. Tradução de Bárbara Heliodora. Editora Record. 462 Páginas. Preço: R$ 54,90.

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