Mais do mesmo – em termos. Embora o visual que mistura ambientes medievais e modernos seja o mesmo desde o primeiro Underworld, Anjos da Noite – há 13 anos -, o quinto filme da série, Guerras de Sangue, traz algumas novidades. Sendo a direção – pela primeira vez – de uma mulher, Anna Foerster, não chega a surpreender que o empoderamento feminino seja total na nova aventura de Selene. De novo, ela se coloca no centro da guerra entre vampiros e lobisomens. É traída por todo mundo (quase), e o que Guerras de Sangue sinaliza é para o enfraquecimento do poder patriarcal.

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À maneira das intrigas palacianas da série cult Game of Thrones, o cérebro por trás de todas as maquinações é Semira (Lara Pulver), que conspira e manipula para assumir o poder dos Lycans. Sua marionete pode muito bem ser Marius, interpretado por Tobias Menzies, que tem uma cena de confronto com Theo James, o único que permanece ao lado de Selene, com Charles Dance. Esse último, aliás, e isso não tem nada a ver com a série, se assemelha estranhamente a Michel Temer.

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Em 2003, a grande fantasia de Anjos da Noite era o vinil que modelava as formas da trintona Kate. Agora, aos 43, ela permanece esplêndida, mas em nome da honestidade é preciso ressaltar que a estilização cênica da série já não produz impacto. Dá para ver, e a trama termina em aberto, com a promessa de uma sexta aventura – que virá. Mas bom – boa -, só mesmo Kate. Existem várias candidatas ao título de melhor atriz do ano, e uma delas é a Beckinsale.

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Um ano depois de Anjos da Noite, Kate já era a melhor coisa de O Aviador, de Martin Scorsese, no papel de Ava Gardner, mas a Academia de Hollywood preferiu atribuir o Oscar de coadjuvante para Cate Blanchett, que fazia Katharine Hepburn no mesmo filme. Existem atrizes que, por maiores que sejam, não têm chance no Oscar. Kate bem poderia ser indicada neste pela Lady Susan de Amor e Amizade, que Whit Stillman adaptou de Jane Austen. O papel lhe permite uma ampla gama de emoções, e ela ainda está deslumbrante no figurino de época. Comparativamente, a performance de Guerras de Sangue é mais ‘física’. Não é preciso dizer que, nesse quesito, ela também se sai muito bem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.