Vem do Recife uma das melhores surpresas do início do ano. A cantora e percussionista Karina Buhr, nascida em Salvador, foi para Recife aos 8 anos. Lá, respirou os ares de Chico Science e Nação Zumbi, do maracatu e da música de raiz. No final dos anos 90, depois de ter passado por diversos grupos da cidade, como o Eddie, fundou o Comadre Fulozinha, que resgata o folclore brasileiro regado a cantigas de roda e a ‘bichogrilice’ contemporânea.

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Em seu primeiro álbum solo, entretanto, Karina é outra mulher. “Queria fazer um trabalho mais agressivo, mais esquisito”, confessa. Moradora de São Paulo há cinco anos, Karina veio à cidade depois de ser convidada pelo diretor Zé Celso Martinez Correa para integrar a trupe do Teatro Oficina – e ainda mantém o sotaque do Recife, tanto quando fala como quando canta.

“É claro que meus cinco anos de Teatro Oficina foram referência para o meu CD. Mas digo que a principal influência dele é o carnaval de Recife. Não exatamente um ritmo como o forró ou maracatu, mas a possibilidade de misturar diversos ritmos e gêneros”, explica a cantora.

Para se ter uma ideia do que encontrar em “Eu Menti Pra Você”, Karina compôs sua banda com Bruno Buarque (bateria), Mau (baixo), Guizado (trompete), Dustan Gallas (teclados e piano), Otávio Ortega (teclados e bases eletrônicas) e Marcelo Jeneci (acordeom e piano), além da própria cantora, que toca percussão.

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“O CD não teria guitarra, mas depois de gravar todos esses instrumentos, percebi que ela daria uma unidade maior às canções.” Karina chamou Fernando Catatau (Cidadão Instigado) e Edgard Scandurra (ex-Ira!) para completar o time.

Para investir em sua veia musical, Karina deixou o Teatro Oficina para se dedicar de corpo e alma ao novo trabalho. “O título do meu disco tem conexão com essas várias pessoas que tenho dentro de mim. É também uma forma de dizer que não sei definir meu som. Posso falar, mas é tudo mentira”, conta, rindo.

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Sobre Chico Science, a artista lembra que foi ele que, em 2007, apresentou a Comadre Fulozinha pela primeira vez ao público de Recife. Antenada, moderna, sem a necessidade de se autoexplicar, Karina desponta como um dos grandes nomes da nova década que acaba de começar.