Depois do trabalho para entreter as crianças nas férias escolares, as mães pedem um tempo e, de olho nas próximas férias, já se preparam para as roupas decotadas do verão. Nas academias, nas clínicas de estéticas, nos médicos especializados em rejuvenescimento e emagrecimento a procura aumenta. E essa corrida tem motivação clara: para quase todos os procedimentos cirúrgicos, o resultado final aparece, em média, dentro de seis meses. Todo mundo quer pegar praia no verão e para isso, é preciso que o corpo tenha tempo para desinchar e promover a cicatrização adequada. Neste período, sol é vetado ao paciente, por isso o inverno é a temporada das plásticas.
Sob o ponto de vista médico, o clima interfere pouco no procedimento cirúrgico, mas para quem vai passar por lipoaspiração, redução de mamas, aumento de mamas, plásticas de barriga ou coxas – o uso da cinta é obrigatório e é mais confortável fazer isso no frio, do que suar aquele macaquinho bege no verão.
Manual do paciente
E pra quem planeja um intervenção cirúrgica, um livro recém-lançado deveria ser prescrito junto com a lista dos exames que antecedem a operação: Cirurgia plástica – Manual do paciente. O autor, Alan Landecker, além de especialista conceituado no Brasil (onde formou-se e trabalhou com a equipe de Ivo Pitanguy) e nos Estados Unidos (onde especializou-se em rinoplastia) conseguiu se livrar do vocabulário técnico e traduziu pra nós tudo que interessa em cada um dos procedimentos.
O livro, parecido com guias que existem nos Estados Unidos, foi motivado pela “enxurrada” de erros médicos cometidos por não especialistas. “Hoje existe uma procura enorme por cirurgias e procedimentos estéticos, mas na verdade tem um monte de gente atuando sem conhecimento específico, só por grana. É fácil ganhar dinheiro prometendo beleza, mas hoje há tantos picaretas que os especialistas estão cheios de consertos (sic) pra fazer”, desabafa o médico, para contar em seguida que, hoje, 67% das cirurgias que faz são para consertar procedimentos malsucedidos.
O número choca e foi pensando nesses pacientes que a pesquisa para o livro se desenvolveu. Landecker esmiuça cada um dos procedimentos – incluindo aí as técnicas, o tempo de recuperação e para quem são indicadas. A linguagem é didática e, mesmo diante das estatísticas otimistas da American Board of Plastic Surgery (95% dos pacientes que passaram por uma plástica ficaram muito satisfeitos e 56% deles voltam a fazer), ele guia o paciente para a realidade brasileira, onde o paciente ainda carece de informação, tem expectativas exageradas e confia demais na indicação dos amigos.
Critérios e cuidados
O médico lista dez cuidados para obter os melhores resultados numa cirurgia plástica e preço mais baixo não faz parte da lista. Na verdade, ele aconselha a escolher o médico pela sua formação e experiência e dá uma dica: veja se ele tem inscrição na Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica no site www.cirurgiaplastica.org.br. Ter expectativas realistas, conhecer os riscos e estar bem física e psicologicamente também são condições.
Landecker ri ao contar que muita gente vai procurar uma cirurgia plástica pensando em resolver uma crise no relacionamento ou para agradar a outro ou ainda, querer ficar igual a esse ou aquele artista. Para esses o médico é direto: não faça! “Dê um tempo para você mesmo avaliar e tomar uma decisão com segurança”, aconselha.
Se depois disso tudo você estiver apto a passar pela cirurgia siga rigorosamente as orientações do médico, conte com a ajuda de um profissional ou parente dura,nte a recuperação e não caia em cilada, aceitando o conselho de amigos para tomar arnica, remédios naturais ou aspirina antes, a fim, de evitar inchaços.
“Pra você ter uma idéia do risco, se um paciente tomar arnica duas semanas antes de operar o Pitanguy não opera, porque esse paciente está sujeito a ter problemas de sangramento. A arnica interfere na coagulação do sangue e esse é um risco desnecessário”, alerta Landecker. Segundo ele, existem outros métodos para ajudar a diminuir o inchaço e os roxos – a maioria a base de massagens ou compressas geladas. Mas se o paciente quiser, dois dias depois de operado já pode tomar a arnica e duas semanas depois a aspirina.
E se sobrou alguma dúvida o médico lembra que quanto maior o tamanho da cirurgia, maior o risco e mais tempo será necessário para a recuperação, por isso planeje a sua rotina pós cirúrgica com cuidado.