Celeste Antunes já escreveu e dirigiu uma peça de teatro – Fermento, sobre crescimento. Dirigiu o curta-metragem Fogo Baixo, que tem como pano de fundo a cidade de Cubatão. Na infância, chegou a gravar uma música com a mãe. Também fez um verso para outra música, que ficaria famosa na voz do pai. Hoje, aos 22 anos, faz sua estreia na literatura com o breve romance Para Quando Formos Melhores (Editora 34).
Não que ela tenha optado, agora, pela escrita. Celeste, que trocou a faculdade de letras da USP pela de cinema da Faap, onde cursa o quinto semestre, está experimentando. “Estou descobrindo se quero comunicar alguma coisa, se isso é possível e se sou capaz, e de que forma posso fazer isso”, conta em sua primeira entrevista sobre o romance e sobre seu possível novo ofício.
O romance nasceu do desejo de Celeste de entender o que acontecia ao seu redor. Ela estava com 19 anos quando começou a escrevê-lo. “Naquela época, eu tinha saído de casa, estava morando com amigos e convivendo diariamente com meu irmão e meu primo, que são mais novos. Sempre observei muito as coisas, achando que estava de fora delas. Fui a muitas festas, vi pessoas tentando criar relações firmes e se afundando em buracos solitários. Quis entender o que estava acontecendo com meu círculo de amigos.”
Investigou isso com a ajuda de Miguel, Lucas, Teo, Fran e Sara, os personagens que criou e por quem se apaixonou. Eles têm 16 anos, são amigos e alunos da mesma escola. Nas 100 páginas do livro transitam do quarto para o bar, para uma festa, depois para outra festa e para a escola. A intimidade sendo confundida com a sexualidade, a amizade com o amor. Eles matam o tempo jogando conversa fora em embates verbais espirituosos, escondendo sentimentos e experimentando drogas. No fundo, estão todos disponíveis uns para os outros e tentando, como diz a autora, construir uma relação afetiva.
“Existe uma ânsia autêntica de tentar se relacionar nos jovens, mesmo com toda a confusão mental, sexual e social”, diz Celeste, que não quis, porém, fazer um retrato de sua geração no livro. “Talvez o retrato seja de um núcleo de certas escolas construtivistas de São Paulo, onde essas questões são mais abertas – e, ao mesmo tempo, fechadas, porque os jovens continuam sendo conservadores”, completa a garota que estudou na Escola da Vila e no Equipe.
PARA QUANDO FORMOS MELHORES – Autora: Celeste Antunes. Editora: 34
(104 págs., R$ 29). Lançamento: Nesta quarta-feira, 6, 19h30, no Bar Sabiá (Rua Purpurina, 370, tel. 3032-1617);
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.