É uma pequena explosão dentro do peito, que dá uma sacudida no corpo e leva à primeira batida de um coração até então adormecido. Num futuro distante e obscuro, o início dos batimentos cardíacos ocorre em algum momento do 25º ano de vida de cada um. Em seguida, um luminoso irrompe na pele do antebraço, em verde neon, com uma sequência de seis dígitos que, assim que se acendem, correm em contagem regressiva. Nessa ampulheta digital, que cada um leva no corpo, estão traçados vida e morte.
Em “O Preço do Amanhã”, o tempo é também moeda de troca, é cedido, emprestado, roubado, desperdiçado. E é também motivo para matar e morrer. Na direção, Andrew Niccol debruça-se novamente sobre sua ideia de mundo como um lugar tecnológico e amoral, como fez em “Gattaca – Experiência Genética” (1997). Em sua mais nova ficção, há novamente uma divisão clara entre ricos e pobres, e a principal distinção entre as classes é o dinheiro, ou seja, o tempo.
Ricos têm tempo de sobra, o guardam em cofres sob alta segurança e desfrutam do benefício de viver para sempre. Já os pobres estão sempre na correria, com pressa para aproveitar cada segundo, sob a premissa de uma espécie de carpe diem cruel – muitos apenas com o tempo do dia, sem saber se verão um novo amanhã.
Como num caixa eletrônico 24h ambulante, horas, dias, anos são depositados ou suprimidos como crédito, com aparelhinhos acoplados ao sensor de luz – o relógio da vida de cada um. O trânsito de todo o tempo negociado é vigiado por agentes do tempo, policiais responsáveis pelo equilíbrio nessa sociedade caótica.
Nesse cenário, Justin Timberlake é o protagonista pobretão Will Salas, que acaba de receber, de um desconhecido, séculos a mais de vida. E se a máxima desse universo é ‘tempo é dinheiro’, Will desfruta da recém-adquirida abundância: hotel de luxo e carro conversível. O tempo abre possibilidades para Will, que paga por uma viagem a um local reservado aos endinheirados.
Mas também nesse futuro a ganância move criminosos, e Will desperta a atenção de ladrões de tempo, que passam a persegui-lo. Os agentes também desconfiam de Will, e o acusam de roubo e homicídio. Mas ele já está longe de suas origens. Num bairro luxuoso, vai a um cassino, onde milionários apostam o tempo que têm de sobra em jogos de azar e carteado. Ali, se encanta por uma jovem da alta sociedade, uma morena Amanda Seyfried. Encurralado por policiais, Will sequestra a jovem e a leva numa longa fuga. Com ele, Sylvia descobre o mundo por trás dos portões de sua mansão e logo se revolta com a injustiça que a circula. A ficção, então, vira aventura, com tiroteios e perseguições, e o casal, que a essa hora já se apaixonou, abraça a missão de derrubar o sistema. As informações são do Jornal da Tarde.