O juiz encarregado do processo relacionado à morte do cantor Michael Jackson impediu os advogados que defendem o cardiologista Conrad Murray de fazerem perguntas sobre o contrato multimilionário do cantor em sua última temporada de shows.
Os advogados de defesa de Murray, que é julgado por homicídio culposo, queriam apresentar o contrato de Jackson com a empresa AEG Live para mostrar que ele ficaria muito endividado com a promotora dos shows no caso de cancelamento das apresentações. Os defensores do médico alegam que o cantor estaria desesperado para assegurar que os shows fossem realizados.
No entanto, o juiz Michael Pastor, do Tribunal Superior, disse que permitir questionamentos sobre o contrato poderia confundir os jurados, que devem decidir se as ações de Murray causaram a morte do rei do pop em junho de 2009. “Esta não é uma disputa contratual. É um caso de homicídio”, disse Pastor.
O advogado de defesa Ed Chernoff declarou que Jackson ficaria com uma dívida com a AEG Live de quase US$ 40 milhões se os shows fossem cancelados. Chernoff afirmou que isso teria levado Jackson a injetar em si mesmo uma dose do anestésico propofol numa tentativa desesperada de dormir.
A promotoria afirma que Murray, que se declarou inocente, foi o responsável pela aplicação da dose do medicamento que matou o cantor.
Embora Pastor tenha impedido depoimentos sobre o contrato com a AEG, ele vai permitir o testemunho de Randy Phillips, presidente e executivo-chefe da empresa. O juiz disse que Chernoff poderá perguntar a Phillips sobre a organização do show, intitulado “This is It”, a conduta do cantor durante a coletiva de imprensa realizada em março de 2009 e coisas que possam ter acontecido durante os ensaios para as apresentações.
Phillips deve testemunhar ainda nesta terça-feira, depois de os jurados ouvirem Cherilyn Lee, uma enfermeira que afirmou que Jackson pediu a ela propofol várias vezes para conseguir dormir, mas afirmou ter recusado o medicamento.
O testemunho de Cherilyn Lee foi iniciado na segunda-feira. Ela é a sexta testemunha que os advogados de Murray convocaram para tentar responsabilizar o próprio cantor por sua morte. As declarações da enfermeira foram brevemente adiadas nesta terça-feira, depois de ela parecer nervosa no banco das testemunhas e afirmar que estava sentindo tontura.
Os advogados de defesa pretendem chamar outras testemunhas nesta terça-feira para fazer declarações que, acreditam, possam dar suporte à sua teoria. Dentre eles está Phillips e a cabeleireira e maquiadora de Jackson, Karen Faye. Eles também vão chamar várias testemunhas que vão tentar refutar o testemunho de especialistas convocados pela promotoria, que afirmam que Murray foi imprudente e culpado pela morte inesperada do rei do pop em 25 de junho de 2009.
A expectativa é de que os trabalhos da defesa estendam-se até a quinta-feira. Se a previsão se confirmar, as deliberações dos jurados não deverão começar antes da próxima semana. Os advogados teriam o fim de semana para a elaboração dos argumentos finais e a orientação do júri. As informações são da Associated Press.