São dois os caminhos para alguém que assiste a um show do Jota Quest. O primeiro: não pensar. Conseguir libertar o corpo dos freios da razão e deixar-se levar pelo instinto, instigado por uma sequência de sons balançantes. A segunda: pensar, refletir, tentar entender que fenômeno é esse que vem ao Rock in Rio pela segunda vez apesar do mau humor histórico que a crítica musical dispensa a eles. Se são mesmo tão irrelevantes, fariam 80 mil pessoas saltarem de braços erguidos? Se suas letras são vazias, o que faz que sejam cantadas por uma multidão de adolescentes? Fazem música ou entretenimento? E por aí vai.
O que fizeram no primeiro show grande do Palco Mundo deste domingo, 15, foi uma demonstração de força. Rogério Flausino trouxe a munição do estoque com Na Moral, Além do Horizonte, Encontrar Alguém, O Sol. Anunciou no meio do show que o grupo vai lançar até dezembro álbum de inéditas com o espírito da ‘disco music’ que marcou sua origem, algo que não faz há cinco anos. A multidão ficou a seus pés.
Beneficiado por uma qualidade de som de excelência, mostrou mais equilíbrio do que Dinho Ouro Preto, que abriu o Mundo com o Capital Inicial na noite de sábado, 14. E ensaiou seu discurso político: “A macacada quer saúde, quer educação, quer justiça”, disse, segurando a bandeira do Brasil.
Guardou um segredo para o fim. De terno branco, Lulu Santos apareceu tocando gaita para tocarem juntos Tempos Modernos. E ali o tempo parou sob uma nuvenzinha de preocupação: Skank, Jota Quest, Nando Reis, Titãs, Frejat… O rock pop, deste que ainda enche estádios com 80 mil vozes em coro, parou de ser produzido desde que a internet mudou tudo. Por isso, o Rock in Rio chama os mesmos grupos de rock nacional desde 2001. Se nada acontecer, eles estarão de volta em 2015, 2017, 2019.