Num país de endividados – onde a própria nação também tem milhões de dólares a quitar todo mês -, nada mais propício que um programa que se propõe a quitar dívidas. É com base nesse raciocínio que a Record estréia no proximo domingo, dia , o No Vermelho.
Sob o comando de José Luiz Datena, o dominical é uma versão brasileira de Números Rojos, produzido pela americana Columbia. O programa nada mais é do que um game show onde os participantes declaram suas dívidas e têm a chance de sanar seus débitos caso passem por uma bateria de provas. “Nosso mote é pagar uma dívida, mas com muita diversão e sem colocar ninguém para pagar mico”, enaltece Datena, que também comanda o Cidade Alerta na emissora. O jornalista faz questão de ressaltar que os participantes não vão passar por situações desmoralizantes. Mas expor as condições financeiras de uma pessoa em um game show pode ser humilhante por si só. Datena, porém, refuta essa idéia. “Antigamente, até me negaria a fazer um programa como esse. Mas, hoje em dia, não é demérito nenhum o sujeito dever no Brasil. Até o país deve ao FMI”, alega o apresentador.
A empolgação de Datena com o novo programa não é para menos. Há anos comandando o sensacionalista Cidade Alerta, que abusa de reportagens policiais e acontecimentos trágicos, o apresentador tem a oportunidade de explorar um novo formato com o No Vermelho. “O Cidade Alerta é um programa sério e tenho de me portar como jornalista. Nesse programa, posso me descontrair mais. Estou me sentindo bem à vontade”, garante.
É um projeto antigo de Datena. O jornalista nunca escondeu que gostaria de se afastar de produções “pesadas” como o Cidade Alerta. “O No Vermelho tem um formato bem mais fácil de comandar. Além do mais, sempre me considerei um animador naturalmente”, gaba-se, ressaltando que isso não significa que ele vá deixar o Cidade Alerta. Pelo menos, por enquanto. “Vou continuar porque o programa é líder de audiência na casa. Mas não sei por quanto tempo. De qualquer forma, o No Vermelho vai me proporcionar a transição que quero”, acredita.
A tarefa não vai ser das mais fáceis. O programa estréia em dia e horário bastante complicados. Vai concorrer diretamente com o Domingão do Faustão, da Globo, e com o Domingo Legal, do SBT, que já travam uma neurótica batalha pelos índices de audiência. Datena, no entanto, prefere assumir a postura de franco-atirador, e recorre às historinhas que sempre gosta de contar. “Certa vez, jogando futebol, pedi para sair porque estava cansado. Aí, o Sócrates falou: “Você está cansado, mas os outros também estão?. É assim que vejo a concorrência”, compara.
Datena parece confiar mesmo em um carisma próprio. Tanto que se remete a outros programas que comandou aos domingos para tentar mostrar que possui um público cativo. Ele cita a edição dominical do Cidade Alerta, que apresentou no ano passado e registrava médias entre 10 e 15 pontos na audiência, e o esportivo Com a Bola Toda, que chegou a alcançar 10 pontos. “Tem um público que me acompanha. Quem tem de estar preocupado é a Globo e o Silvio Santos. É a história de bater em bêbado. Se baterem em mim é normal, mas se o bêbado bater vai ficar feio para eles”, adianta.