Num país como a Índia, que tem mais de 1 bilhão de habitantes, talvez 80 milhões de pessoas reunidas num só lugar, ao mesmo tempo, não seja algo tão absurdo. Mas é. Para isso, basta imaginar que esse número é quase seis vezes a população da Grande São Paulo e oito vezes a população de Portugal. Pois foi esse mundaréu de gente que o jornalista Arthur Veríssimo encontrou em 2001, no festival religioso Khumb Mela, do qual ele participou em cinco ocasiões. E, por incrível que pareça, coincidentemente, reencontrou por lá velhos amigos que não via há anos. O evento de 2001 entrou para o Guinness Book como a maior aglomeração da História.

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Veríssimo já foi a Índia nada menos do que 17 vezes, participando de outros festivais religiosos e fazendo amizades com gente de todo tipo, desde os saddhus (monges) até os sikhs (minoria religiosa), além de gurus e discípulos. O registro dessas fascinantes viagens estão fotos publicadas no livro Karma Pop (Master Books; 138 págs.; R$ 120), de autoria de Veríssimo. “Vi 15 milhões de pessoas se banhando ao mesmo tempo no Rio Ganges”, lembra ele. “Esse povo todo ficava em acampamentos e havia comida e o mínimo de higiene básica para todos. É um festival milenar. O mais antigo do mundo”. O livro tem curadoria do fotógrafo Rui Mendes, que selecionou, para a obra, 80 imagens de um acervo de 35 mil fotos.

Para o autor, uma das fotos mais significativas é a que ele escolheu para usar na capa do livro. Trata-se de um homem, Sri Rameswar Puri, que tem a parte branca do olho toda vermelha. “Acredito que ele estava meditando, talvez segurando a respiração, e por isso ficou com os olhos vermelhos”, diz o jornalista. Outra foto que Veríssimo também destaca é uma em que uma mulher está com o rosto completamente tatuado com uma oração. “O mais incrível é que ela carrega essa oração em tudo. A estampa da roupa dela traz a mesma prece”, diz ele.

A relação de Arthur Veríssimo com a Índia vai muito além da fotografia e do jornalismo. “Vivo uma constante busca, e a Índia é a terra das buscas. Aprendi ioga, meditação e muitas outras coisas com as escrituras sagradas”, diz.

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