Jornalista paulista se apaixona pelo samba carioca ao cobrir o Carnaval

Arnaldo Duran se considera um verdadeiro apaixonado pelo samba carioca. Nascido em Tupã, interior de São Paulo, a paixão de Duran pelo Carnaval do Rio de Janeiro teve início em 2001. Mais precisamente quando começou a cobrir, para o Jornal Hoje e o Globo Comunidade, da Globo, o dia-a-dia das quadras e dos barracões das escolas, além dos desfiles da Marquês de Sapucaí. Prestes a realizar a sua sexta cobertura do Carnaval, o repórter está sempre à procura das boas histórias, principalmente as protagonizadas pelas pessoas das comunidades envolvidas com o samba. Para a tarefa, Duran até já tem um lugar preferido na avenida. ?O setor 1, onde fica a concentração, é o ideal. É ali que está a ?alma? do desfile: o povo?, ensina.

Com 36 anos de carreira, Arnaldo Duran nunca pensou que um dia estaria tão ligado ao Carnaval. Isso porque o ex-correspondente do SBT em Nova York sempre fez matérias sobre comportamento e acompanhava de perto os shows de rock nos Estados Unidos. Mas o convite para voltar ao Brasil e regressar à Globo – ele estreou na afiliada TV Bauru, em 1983 – acabou mudando a sua vida. Logo de primeira, Duran foi escalado para visitar os barracões e quadras das escolas de samba. ?Era um mundo que desconhecia?, recorda. O acaso, porém, fez de Duran um confesso admirador de samba. Tanto que ele tem uma coleção de discos de sambas enredo, que vai de 1928 até hoje, além de cerca de 200 livros sobre o assunto. ?Mais para a frente, talvez escreva alguma coisa sobre o Carnaval?, entrega.

P – Paulista do interior, como foi seu primeiro contato com o mundo do samba do Rio de Janeiro?

R – Até então, nunca havia me interessado por Carnaval. Acompanhava pelo rádio, pela tevê, mas sem envolvimento direto. No começo de 2001, quando voltei para a Globo, me pediram para fazer uma matéria lá na Avenida Marquês de Sapucaí. Na hora que vi aquilo, fiquei completamente doido e não queria mais sair de lá. Passei a cobrir o Carnaval a partir daquele ano. O calor do público emociona qualquer pessoa.

P – O que você destacaria de mais interessante em cobrir os desfiles e também as quadras e os ensaios das escolas de samba?

R – Nas quadras e barracões, o melhor de tudo é o carinho das pessoas das comunidades. São pessoas simples, que vivem para aquilo e adoram. Não torço por nenhuma escola, não tenho nenhuma agremiação do meu coração. Mas existem pessoas que gosto bastante. É um relacionamento de muita cordialidade e confraternização. Costumo destacar que o mais interessante não é cobrir os desfiles, mas, sim, fazer as matérias ao longo do ano. O pré-Carnaval, por exemplo, é o melhor. A avenida é outro papo, mas é uma emoção indescritível aquele calor humano.

P – A grande maioria das escolas de samba têm atores e atrizes como destaques. Até que ponto isso é válido?

R – Acho que as escolas deveriam dar preferência às pessoas de suas próprias comunidades. Um famoso tem de vir sambando no chão, junto com os outros componentes. Não em carro alegórico, roubando a cena. Os artistas mais importantes são as pessoas que estão o ano inteiro por trás do Carnaval.

PAlém do Carnaval, você também fez matérias de rua com os torcedores que assistem aos jogos da seleção brasileira durante a Copa do Mundo. Qual a principal diferença entre as duas coberturas?

R – Não existem diferenças, são emoções parecidas. Mas, como costumo dizer, sou um repórter das coisas simples, do dia-a-dia, das pessoas comuns. E fazer a cobertura das torcidas nos dias de jogos da seleção brasileira é uma maneira de estar em contato com esse ?universo?. É o público comum que rende boas histórias e dá uma resposta mais imediata.

PEm 2001, de férias em Nova York, você foi chamado às pressas para fazer a cobertura do atentado de 11 de setembro. O que mais impressionou?

R – Entrei em pânico com a situação. Via as pessoas vindo na minha direção com os corpos cobertos de fuligem e pó. Estavam desesperadas. O que mais me impressionou foi a fragilidade do ser humano e também do mito de que os americanos são pessoas frias. Ao contrário: percebi a solidariedade daquele povo. Mas confesso que não via a hora de voltar para o Brasil.

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