A mágica começa quando o leão dos estúdios cinematográficos da Metro Goldwyn Mayer emite o terceiro rugido. É aí que se deve apertar o play, ou colocar a agulha, no início do disco The Dark Side of The Moon para se conhecer o mistério: o Pink Floyd compôs compasso por compasso de sua obra de 1973 para ser a trilha sonora do filme O Mágico de Oz, de 1939. Quando se vê o filme ouvindo o disco, um está milagrosamente casado com o outro. As batidas do coração do Homem de Lata são ouvidas no final da música Eclipse e a cena do furacão que leva a casa de Dorothy é envolvida pelo clima de The Great Gig in the Sky. Mito ou verdade?
Dia 2 de janeiro de 2008. O ator Heath Ledger é encontrado morto nu, entre remédios jogados na cama de seu apartamento em Nova York. O culpado: Coringa. Sim, o personagem interpretado por ele em Batman – O Cavaleiro das Trevas com uma das mais aterrorizantes entregas da história do cinema teria ficado em seu ser, perturbador, demoníaco. Os 30 dias em que Ledger passou trancado em um quarto testando vozes e expressões para chegar ao resultado perfeito quebraram os limites entre ator e personagem, fazendo com que o segundo devorasse o primeiro. O provável suicídio de Ledger seria a fuga de seu algoz. Fato ou imaginação?
Poltergeist, 1982. Cinco meses depois da estreia do filme dirigido por Tobe Hooper, a atriz Dominique Dunne, que interpretava a garota Dana, morreu estrangulada pelo ex-namorado. Até então, um crime isolado. Um tempo depois, três outras baixas, por doença: os atores Julian Beck, Will Sampson e a atriz Heather O’Rourke, que partiu aos 12 anos depois de estrelar o filme com seis. Em meio a outras mortes, uma chocou os sobreviventes: Lou Perryman, o Pugsley, foi assassinado a machadadas. Mas o mais improvável ocorreu com Richard Lawson, o personagem Ryan: um acidente de avião matou 27 pessoas e apenas uma sobreviveu. Quem? Richard Lawson. Onde os céticos veem coincidência, os mitólogos apontam a maldição. E levantam uma teoria sustentada há 34 anos. Os espíritos de Poltergeist não deixaram os atores em paz. Acredite se quiser.
Mitos flutuam no ar, mentiras têm pernas curtas. Histórias são alimentadas em cadeia, boatos são destroçados pelo vento. Mas mitos são mitos, nem sempre verdades. O jornalista Pablo Miyazawa entra em portais do tempo para dissecá-los e contextualizá-los sem cair nas tentações de confrontá-los no livro 52 Mitos Pop – Mentiras e Verdades nos Boatos do Mundo do Entretenimento. O lançamento será no próximo dia 23, às 19h, na Livraria Cultura do Conjunto Nacional.
A cada episódio surge uma intriga do universo cultural, sobretudo de quem viveu sua adolescência nos anos 1980. Os atores Bruce Lee e seu filho, Brandon, teriam sido assassinados pela máfia chinesa depois de se negarem a fazerem “negócios” com os criminosos? Tom & Jerry teriam sido criados para espelharem os dois lados da Segunda Guerra Mundial: Tom representando os tommies (como se chamavam os soldados britânicos) e Jerry, os jerries, apelido dos alemães? Teria o diretor Quentin Tarantino planejado fazer todos os seus filmes interligando uns aos outros? E o diretor Stanley Kubrick? Seria ele o pai de todas as teorias conspiratórias ao filmar a fictícia chegada do homem à Lua, em 1969, fazendo com que o mundo acreditasse na conquista norte-americana?
Miyazawa não dá respostas definitivas, mas se posiciona e ajuda o curioso a fazer suas escolhas. “Seria pretensão demais querer responder a algumas questões históricas, como a que se faz sobre a chegada do homem à Lua. Meu trabalho foi expor todos os lados”, diz ele, próximo ao assunto desde que se tornou jornalista, em 1996, e começou a fazer curiosidade virar notícia. Sua teoria sem conspiração é sobre o fato de os grandes mitos terem surgido nos anos 1980, a década que inventou a adolescência. “As pessoas que viveram a juventude nos anos 1980 são mais nostálgicas. Seus pais, jovens nos 70, não se divertiam em um País que sofria com a ditadura militar. O entretenimento quase não existia.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.