A história de John Dillinger, o gângster norte-americano mais famoso dos anos 1930s, ladrão de bancos e considerado inimigo número um pelo FBI. Não, não é mais uma sequência de clichês, à moda dos filmes de gângsteres memoráveis e do período pós-depressão de 1929, explorados à exaustão pelos estúdios de Hollywood. Inimigos públicos, que estreia hoje nos cinema, consegue surpreender.

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O novo filme de Michael Mann (Colateral, Ali, O informante) recria o filme de gângster, graças ao olhar apurado do diretor e do talento de Johnny Depp, que revive Dillinger na obra, baseada no livro-reportagem de Bryan Burrough.

Perseguido pelo agente do FBI Melvin Purvis (vivido por Christian Bale), Dillinger foi o bandido que se tornou mocinho para a sociedade dos Estados Unidos dos anos 1930s, que viu suas economias e seus empregos desaparecerem, enquanto Dillinger era o homem que desafiava os bancos e o governo norte-americano.

A semelhança entre o verdadeiro Dillinger e Depp é incrível. E isso contribui para que o ator encontre o ponto certo entre o homem e a lenda John Dillinger. O gângster é reconstruído e conquista o público sem necessidade de lembrar de sua infância, seus problemas ou dilemas pessoais.

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É o bandido que rouba bancos, pura e simplesmente, interpretado por um Johnny Deep que soube lhe dar o tom certo, com o charme e o humor característicos do ator.

Nem se pode dizer que é o seu relacionamento amoroso com Billie Frechette (vivida pela atriz francesa Marion Cotillard, vencedora do Oscar e dos principais prêmios de melhor atriz pelo trabalho em Piaf um hino ao amor) que o traz para perto dos espectadores.

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O caráter cativante do ladrão de bancos criado pela imprensa da época, comprovado no filme pelas próprias perguntas feitas pelos jornalistas quando se dirigiam a Dillinger, demonstram também a ousadia do gângster, que lhe permitiu até entrar sem ser notado na divisão do escritório do FBI criado especialmente para investigá-lo. A sequência recriada no filme é belíssima, assim como os confrontos e a – neste caso – bem utilizada câmera na mão em momentos de tensão.

FBI

Por trás da história de Dillinger, a trama aborda a formação do FBI. Para manter a precisão na telona, o FBI atuou de forma bastante intensa durante a produção do filme, seja ajudando a documentar os fatos do caso Dillinger ou ao fornecer móveis e fichários da época para compor o cenário.

Mann teve grande preocupação em recriar a história e os ambientes de confronto entre Dillinger e seus companheiros contra a polícia. Depp teve acesso às verdadeiras roupas e artigos pessoais de Dillinger, mas o principal fica por conta de algumas das cenas mais importantes do filme, rodadas no verdadeiro local em que o tiroteio aconteceu.

Em 1934, agentes do FBI cercaram Dillinger e sua gangue na hospedaria Little Bohemia, em Manitowish Waters, Wisconsin, sem sucesso. A hospedaria hoje é um ponto turístico que opera um restaurante e as cenas puderam ser rodadas no mesmo quarto que Dillinger usou.

A atual Little Bohemia ainda abriga uma série de sinais e relíquias do tiroteio entre Dillinger e a polícia, incluindo buracos de balas, janelas quebradas e até mesmo malas dos gângsteres. As cenas de Dillinger na prisão também foram feitas na parte dos fundos, enferrujada e corroída, com os verdadeiros corredores.