Decorridos 37 anos de sua morte – em 1973, aos 78 anos -, John Ford permanece como um dos grandes diretores de Hollywood. A partir de amanhã, Ford ganha uma homenagem do Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, que promove uma retrospectiva – com 36 longas e um curta, quase todos projetados em 35 mm. A exceção é justamente o único filme que não é de Ford, mas sobre ele – o documentário “Directed by John Ford”, de Peter Bogdanovich, em DVD. Completam o evento, um curso sobre o artista e um livro/catálogo sobre sua vida e obra.

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Quatro vezes vencedor do Oscar de direção, um recorde – por “O Delator”, “Como Era Verde Meu Vale”, “Vinhas da Ira” e “Depois do Vendaval”, em 1935, 40, 41 e 52 -, Ford nunca foi premiado por seus westerns, mas certa vez, ele próprio, querendo se definir perante seus colegas cineastas, disse que fazia faroestes. Ao longo de mais de 40 anos, desde o período silencioso e até “Sete Mulheres”, seu último longa, de 1966, ele fez do seu cinema uma síntese da ‘América’, refletindo sobre os mitos fundadores de seu país.

Abraham Lincoln foi sempre uma inspiração, mas Ford foi, principalmente, o diretor dos desenraizados, contando epopeias de grupos – colonos, índios, religiosos, etc. Isso lhe valeu a alcunha de Homero de Hollywood, mas o curioso é que o autor que tanto se interessou pelo ‘coletivo’ fez da saga de um solitário – o Ethan Edwards de “Rastros de Ódio” (The Searchers), de 1956 – o mais belo de seus filmes, sua obra-prima. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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“Nas Águas do Rio” (Steamboat Round the Bend). Feito no mesmo ano de “O Delator”, o longa com Will Rogers é um dos filmes que melhor expressam o amor de Ford por seu país – o médico charlatão e seu barco são inesquecíveis.

“No Tempo das Diligências” (Stagecoach). Transposição de Bola de Sebo, de Maupassant, para o Oeste, foi o primeiro Ford em Monument Valley. O mundo cabe numa diligência e até Welles dizia que saíram daqui as pesquisas de cenário de Cidadão Kane.

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“A Mocidade de Lincoln”. A transformação do jovem Lincoln no ícone da democracia norte-americana ou de como um jovem advogado descobre sua vocação política num tribunal. A parceria com Henry Fonda produziu belíssimos filmes.

“O Homem Que Matou o Facínora”. A morte de Wayne é o ponto de partida para essa sombria desmistificação das lendas do western, que termina com um velho chorando.

Mostra John Ford – CCBB (Rua Álvares Penteado, 112). Tel. (011) 3113-3651. R$ 4. Até 17/10. Programação completa no site www.bb.com.br/cultura