O ator americano Joe Mantegna está em Florença trabalhando em um filme dirigido pelo italiano Giovanni Fago sobre os últimos dias do pintor Jacopo Carrucci, conhecido como Pontormo (1494-1556).
Mantegna, que trabalhou com diretores como Francis Ford Coppola, David Mamet, Woody Allen e Barry Levinson, declarou que se sente “como deve ter se sentido Pontormo quando decidia pintar um afresco”.
O filme narrará de maneira romanceada a história do máximo representante do maneirismo quando, aos 60 anos, enquanto pintava um afresco na abside do coro da igreja de São Lourenço, sofreu uma grave crise depressiva.
O filme levanta a hipótese de que o afresco ? que foi destruído por um incêndio em 1738 ? escondia uma mensagem espiritual em código dos “espirituais”, uma corrente heterodoxa da qual o pintor, ao que parece, era seguidor.
Para o filme serão utilizados como cenário, além da Basílica de São Lourenço, a Sala Machiavelli do Palazzo Vecchio e o claustro da Santíssima Anunciação, onde Pontormo foi sepultado em 1556.
O custo do filme será de cerca de 5 milhões de euros, incluindo o custo da equipe de artistas que está pintando os afrescos de Pontormo desaparecidos nos últimos quatro séculos e da reconstrução da casa do artista.
“Nos Estados Unidos, quando se fala de Renascimento pensa-se imediatamente em Michelangelo ou em Leonardo da Vinci”, explicou o ator, que tem o nome de outro célebre pintor italiano, nascido em Pádua 50 anos antes de Pontormo.
(SEGUE)
Mantegna, que é filho de pai siciliano e mãe da região da Puglia, interpreta pela primeira vez um personagem desse tipo e admite que conhecia muito pouco sobre o artista, mas que foi muito interessante estudar sua vida através de seu diário e de outros documentos.
Filme faz retrato espiritual do artista
O roteiro faz um retrato de Pontormo muito espiritual, um exemplo de alguém que passou a existência em busca do progresso metódico da vida espiritual.
O filme mostra também o efeito da paixão do artista por uma estrangeira, Ana, uma fugitiva de origem flamenga que escapou de Flandres após ter sido violentada e ter sofrido a mutilação da língua. Depois de chegar a Florença, ela começa a trabalhar com Cósimo de Médici.
Pontormo decidiu defender essa mulher, que foi acusada de bruxaria e de homicídio. Com sua heresia, ela teria provocado a ira de Deus e a vingança divina através da peste.
“Visto que esse é o momento mais confuso e tétrico da vida do artista, a figura de Ana é um raio de luz que atravessa as trevas”, disse Mantegna, ao comentar o personagem que interpreta.
Entre os personagens da época está outro dos mais extraordinários representantes do Renascimento italiano, Agnolo di Cósimo, conhecido como Bronzino, que se formou na escola de Pontormo e que será interpretado por Massimo Wertmueller. (ANSA).
