Depois da passagem triunfal de Caetano Veloso e Roberto Carlos na sexta-feira (22), nada melhor para coroar a programação do que João Gilberto, anteontem, no Teatro Municipal, dentro do mesmo projeto Itaúbrasil, para celebrar os 50 anos da Bossa Nova.
O show teve um tributo a Dorival Caymmi, morto no sábado retrasado com três clássicos – Você Já Foi à Bahia?, Doralice e Rosa Morena. Mais para o fim, no bis, voltou a abordar o conterrâneo: “Vocês me dão licença de cantar uma música de Dorival Caymmi que talvez não conheçam muito.” E mandou Você Não Sabe Amar.
Acorreu ao show de João, que começou com 54 minutos de atraso, um número de gente de música bem maior que no do encontro de Roberto e Caetano. O cantor baiano, aliás, era um dos convidados. Compareceram também Gilberto Gil, Francis e Olivia Hime, Olivia Byington, Sérgio Ricardo, Adriana Calcanhotto, Jaques Morelenbaum, Moraes Moreira, Davi Moraes, Galvão, Carlinhos Brown, Roberta Sá, Moreno Veloso e Pedro Sá, entre outros.
Muitos deles nunca tinham visto João tocar ao vivo e, mais do que fãs ou curiosos, entre eles havia devotos. “João pra mim é um acontecimento perpétuo. Já está aqui no cerebelo”, exultava Caetano, ao final da apresentação. “É sempre maravilhoso. É muita filigrana, os melismas de Rosa Morena e Samba do Avião, que ele faz muito sutilmente, mas que hoje fez com um pouco mais de exibição mesmo”, observou Gil, ressaltando ainda as qualidades de “grande garimpeiro dos aluviões da música de todas as épocas”.
Algumas canções do repertório de São Paulo – basicamente os clássicos da Bossa Nova de Tom Jobim e parceiros – coincidiram no roteiro carioca, mas é claro que foi tudo diferente. Quebrando um jejum de 14 anos sem se apresentar no Rio, ele fez lindas homenagens à cidade com Samba do Avião e Sinfonia do Rio de Janeiro (ambas de Tom, a segunda em parceria com Billy Blanco).
Até a tão esgarçada Wave ressurgiu como se estivesse levantando fresquinha do mar, levada por uma prazerosa brisa de verão. Outra que deixou os fãs em êxtase foi o bem-humorado samba 13 de Ouro (Marino Pinto/Herivelto Martins).
A platéia conseguiu segurar o impulso de cantar junto até Desafinado. Mas quando veio Chega de Saudade não resistiu e começou a acompanhá-lo baixinho. João adorou o “sussurrinho” de “vai, minha tristeza” e convidou: “Vamos fazer de novo.” Mas foi com Garota de Ipanema que ele provocou êxtase geral. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.