O sempre discreto João Gilberto, que vive recluso no Rio de Janeiro, vai ter que sair da toca. A dona do apartamento onde ele mora há 15 anos na quadra da praia do Leblon, a milionária italiana Georgina Maria Natividade Faucigny Bandolini d’Adda, entrou com uma ação de despejo na 24ª Vara Cível do Rio. Segundo o advogado dela, Paulo Roberto Moreira Mendes, Georgina pediu o apartamento de volta em dezembro. A princípio, João teria aceitado sair, mas depois mudou de ideia.
Até hoje, João Gilberto não havia recebido a intimação do oficial de Justiça. O apartamento que ele aluga por R$ 8 mil fica numa rua nobre no final do Leblon. Tem quatro quartos e duas salas distribuídas em 200 metros quadrados. Fica no 13º andar de um edifício de 15 andares, com quatro apartamentos por andar.
A ação de despejo é baseada no fim do último contrato de aluguel assinado em 1º de julho de 2005 e na Lei do Inquilinato, que permite ao proprietário pedir o imóvel de volta no fim do contrato. Georgina não tem intenção de morar na cidade, mas ficou chateada com os empecilhos que João impõe à entrada de pessoas estranhas no apartamento, mesmo que sejam profissionais para realizar obras de manutenção.
Na ação, Georgina pede que João seja também condenado a pagar as custas do processo, não inferiores a 20% do valor da causa, que é de R$ 84 mil. Raramente João Gilberto é visto no prédio. Ele costuma tocar violão de madrugada e raramente sai de casa. Quando deixa o apartamento, usa um táxi que para dentro da garagem do prédio. João completa 80 anos em junho.
Esse é o primeiro processo que se tem notícia contra João por razões não profissionais. O mais comum na vida do músico baiano são disputas judiciais provocados pela sua ausência em shows alegando não haver condições técnicas para se apresentar.