Maior nome feminino da folk music em todos os tempos, responsável por apresentar ao grande público, em 1962, o então desconhecido Bob Dylan, a cantora norte-americana Joan Baez se apresenta no Brasil pela primeira vez. Será no dia 23 de março, às 18h, no Teatro Bradesco, São Paulo (antes, ela toca no dia 19 de março em Porto Alegre, no Auditório Araújo Vianna, às 21h; e no Rio de Janeiro no dia 21, no Teatro Bradesco Rio, às 21h).
A turnê An Evening with Joan Baez, realizada pela Opus Promoções, também vai ao Chile, Uruguai e à Argentina. Baez veio ao Brasil para cantar em 1981. Iria se apresentar no Tuca, mas foi proibida, segundo denunciou, pela ditadura militar.
Desde 1958 gravando e fazendo turnês, “A Primeira Dama do Folk” Joan Baez está com 73 anos e continua idealista à esquerda. Ela esteve, em 2011, tocando voluntariamente a canção My Apple Pie no acampamento de manifestantes do Occupy Wall Street, em Nova York.
Com mais de 50 anos de carreira e 30 discos gravados, Joan Baez segue fazendo apresentações fundamentalmente baseadas em um som acústico (toca violão, piano e Ukulele) e tocando as famosas protest songs que a celebrizaram. Ela abre o show desta turnê, habitualmente, com Rexroth’s Daughter e In My Time of Need, para em seguida cantar o hino Deportees, de Woody Guthrie, pioneiro da música folk norte-americana.
Também estão em seu repertório a famosíssima It’s All Over Now, Baby Blue, de Dylan (que foi seu companheiro entre 1962 e 1965), e The Night They Drove Old Dixie Down, de Robbie Robertson, da The Band.
Em tempos de manifestação, ninguém tem mais autoridade para falar sobre o tema que Joan Baez. Ela, que foi estrela em Woodstock. cantou We Shall Overcome diante de 250 mil pessoas na histórica manifestação comandada por Martin Luther King em Washington, em 1963. Foi presa duas vezes por bloquear a entrada do Centro de Convocação das Forças Armadas em Oakland, na Califórnia, e nunca se cansou de fazer discursos contra o recrutamento de jovens para a Guerra do Vietnã.
Fez uma manifestação silenciosa dentro de um abrigo antiaéreo norte-vietnamita, em Hanói. Era a única mulher que se postava ali como escudo humano para protestar contra o envolvimento dos Estados Unidos na guerra.
Joan e Bonnie Raitt escalaram uma sequoia canadense de mil anos para visitar e cantar para Julia Butterfly Hill, ativista que ficou sentada na árvore durante 500 dias para protestar contra a derrubada de sequoias antigas.
Seu estilo de vida também a aproxima dos grandes alternativos do pop. No final dos anos 1990, vivia em Woodside, na Califórnia, cercada por verduras orgânicas, cabras, cães e galinhas.
Apesar da disposição para a luta, ela teve de fazer muita terapia para superar vários tipos de paúra e frustração. “Quando olho para trás, quase não posso acreditar em algumas das coisas que ‘ela’ fez”, disse Baez ao jornal The Guardian em 2004. “Vejo aquela mocinha e ela me parece muito distante e precoce. Francamente, estou espantada e surpresa pelo que fiz. Porque não saí gritando daquele abrigo antiaéreo em Hanói ou daquela cela da prisão e não perdi a razão?”.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.