Jazz com jeito brasileiro

A voz de seis oitavas, uma maravilha da natureza humana, é um diferencial de Flora Purim, brasileira que há três décadas mora nos Estados Unidos, com o marido Airto Moreira, percussionista de rara imaginação. Esse duo, voz e suingue, é encontrável em Speak no evil (Narada Jazz/Virgin), cujo repertório tipicamente norte-americano ganha um jeitinho brasileiro de ser.

Cole Porter, os irmãos Gershwin, Wayne Shorter, entre outros, grandes nomes do jazz, são interpretados de forma sedutora e brincalhona por Flora Purim, que está completando exatamente trinta anos de seu primeiro disco gravado nos Estados Unidos, Butterfly dreams. Nos anos 70, ela, alçada entre as principais cantoras de jazz, atuou em discos de Carlos Santana, Chick Corea, Gil Evans, Hermeto Pascoal e Mickey Hart.

Agora a mesma voz reina absoluta em Speak no evil em sua total plenitude. E em cada faixa, a percussão do catarinense Airto Moreira soma um elemento brasileiro ritmico; já na faixa Primeira estrela assina como autor. Conta Flora Purim: “Em 1984, com a ajuda de Marcos Silva e Gil Evans, Airto escreveu um momento orquestral para a WDR Orchestra em Köln, Alemanha, chamado The brazilian spiritual mass. Primeira estrela é uma das peças do movimento final. As letras escritas por Airto estão em português e minha frase favorita é: “A natureza é linda, homens que têm fé são fortes, aqueles que amam para valer acreditam na vida após a morte”.

Sobre outra música do CD, I’ve goto you under my skin, ela reporta: “Cresci escutando esta música em meu quarto. Meus pais eram ambos músicos classicamente treinados e faziam parte de uma orquestra no Rio. Eles então pediram para que eu abaixasse o volume! Oscar Castro Neves toca um lindo violão e Airto astutamente apresenta uma alegre percussão”.

A música é companheira de Flora Purim desde a origem familiar (pai russo violinista e mãe carioca pianista) e seus parceiros musicais, além do companheiro Airto, são nomes relevantes do jazz, como Stan Getz e Dizzy Gillespie. Ela e Airto estão também na trilha musical do filme Apocalipse now. Seu disco anterior, data de 2001, Perpetual emotion, marcou sua estréia no selo Narada Jazz. Sem mais delongas, ouçam Flora, rainha brasileira do jazz.

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