Algumas bandas morriam e a gente torcia para que não houvesse essa coisa de vida após a morte. Outras bandas morriam e a gente ficava rezando pelo dia em que mortos e vivos se confraternizariam. Este último era o caso do Jane’s Addiction, grupo americano de hard rock que deixou os palcos em 1991.
Passados 18 anos, a banda revive com a formação clássica – Perry Farrell nos vocais, Dave Navarro na guitarra, Stephen Perkins na bateria e Eric Avery no baixo.
Em visita ao Brasil pela primeira vez – toca no dia 7 de novembro no Maquinaria Festival 2009, evento que também contará com Faith No More, Sepultura, Nação Zumbi, Evanescence, entre outros, em São Paulo.
“Sei que a América do Sul é um lugar que sempre amou a nossa música. O mais próximo que estivemos de vocês foi na Cidade do México. O que espero dar aos nossos fãs uma apresentação ao vivo memorável, cheia de energia, algo pelo qual esperam há anos”, prometeu Perry Farrell, em entrevista por telefone, na última quinta-feira.
Perry Farrell é uma figura mítica do rock system. Ele se tornou, após o Jane’s Addiction, o fundador de um dos grandes festivais de rock dos EUA – o Lollapalooza, sediado em Chicago – e militou em outra banda célebre, o Porno for Pyros.
Também esteve no Brasil como DJ, em Maresias. “Noite fantástica, com garotas dançando ao meu redor”, lembra. O retorno da banda foi sacramentado justamente no palco de Lollapalooza, há um mês, com a participação de Joe Perry, do Aerosmith.
Jane’s Addiction foi a banda que colocou o punk rock metálico em evidência, escancarou as portas do futuro para o grunge e trouxe novos relatos de excessos para a estrada de bizarrices do rock.
Há três anos, o escritor americano Brendan Muller publicou uma biografia do grupo: “Whores – An Oral Biography of Perry Farrell and Jane’s Addiction”, na qual relata espancamentos mútuos, queima monumental de dinheiro e vício coletivo em heroína.
“Ele veio para uma entrevista que seria publicada na revista Spin. Não disse que escrevia um livro. Fui tolo, deveria ter suspeitado quando vi que era a mais longa entrevista que já tinha dado na vida. Ele não era gente boa. Não pôs nenhuma passagem edificante, não ouviu ninguém sobre as coisas boas que fizemos, mas não o processei”, conta. “O que fazer se alguém resolve escrever um livro sobre você? Não se pode impedir. O problema é que é um amontoado de mentiras terríveis. Fiquei chateado. Ele usou meu nome para ganhar dinheiro. Se quisesse fazer um bom livro, a gente poderia ter trabalhado juntos”, diz.